Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Rochedo, Aline Lopes |
Orientador(a): |
Maciel, Maria Eunice de Souza |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/224047
|
Resumo: |
Esta tese trata do fenômeno de transmissão de joias de família através de duas ou mais gerações e de seus efeitos em dinâmicas familiares, identificando nesses bens em movimento uma forma de produção de ancestralidade. A pesquisa etnográfica se realizou entre 2016 e 2020 e combinou técnicas variadas, como entrevistas, observação participante e interações online e offline, entre outras. Cronologias e diacronias atravessam a investigação em função da quantidade de gerações conectadas em narrativas e performances, episódios que podem misturar eventos históricos e fabulosos; afinal, a imaginação é constitutiva desse universo. É importante frisar que joia de família não é joia trivial; é joia tornada “de família”, uma herança infungível instituída no acoplamento a grupos afetivos ao longo de processos sociais e que emaranha prenomes, sobrenomes, lembranças, vida e morte, rituais, itinerários, valores, mudanças e continuidades. Seu repasse tende ao trânsito vertical, propaga narrativas ancestrais. Uma das implicações do recebimento dessa coisa é a responsabilidade da tutelagem: espera-se que seja guardada, cuidada, exibida, narrada e repassada. Pesam sobre os repasses viés de gênero e consanguinidade, mas a tendência é que afeto, confiança e senso de responsabilidade com transmissões futuras definam caminhos e evitem a dissipação das vidas dessas coisas. Além disso, joia de família é posse de caráter sagrado e inalienável, cedida transitoriamente a quem dela não pode dispor por completo, embora por ela seja responsável. Como o bem possui valor de pecúnia, submete-se ao tabu da venda, dispositivo acionado para mantê-lo na linhagem, formando e adensando vínculos entre algumas pessoas e excluindo outras. Assim como sobrenomes, essa coisa distingue arranjos afetivos. Diferentemente de sobrenomes, por seu turno, pontua individualidades nas linhagens e, ao fazê-lo, cria dinastias afetivas compostas, majoritariamente, por mulheres. Os fluxos suscitam grupos de pertencimento, consagram tutoras e expandem ancestralidades. |