Flânerie narrativa: contação, mostração e observação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nunes, Carlos Alberto Ossanes
Orientador(a): Silva, Márcia Ivana de Lima e
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/255248
Resumo: A pesquisa efetuada nesta tese busca apresentar uma nova proposição teórica no campo da análise narratológica cinematográfica em complemento às rupturas no funcionamento da entidade meganarradora de André Gaudreault. Essa visão parte da atenção às marcas plurais e subjetivas de autoria deixadas à margem da análise do meganarrador gaudreaultiano, evidenciadas na observação do processo de escrita criativa não só dos diretores e roteiristas de uma obra audiovisual, como de rubricas impressas na obra por outros agentes, como atores, técnicos e, também, leitores-espectadores das obras. Para tal tarefa, explora-se o uso da mostração e da contação no audiovisual e como a teoria compreende essas vozes narrativas, reivindicando a perspectiva benjaminiana sobre a flânerie para criar uma alegoria entre a atividade de sua figura e diferentes papéis narrativos dentro da criação do processo cinematográfico, apresentando, como proposição ensaística, uma modificação na maneira como se analisam as figuras narrativas no audiovisual. Através do processo de criação pode-se observar a existência de agentes internos e externos atribuindo sentidos e contribuindo com a construção não só do produto final (a obra em si) como da própria experiência coletiva dos leitores-espectadores. Também se parte do princípio de que o sentido não é dado pelo autor, mas construído junto com sua intenção - válida e importante - pelo leitor-espectador. Dessa forma, propõe-se uma figura análoga ao flâneur, que transita sem ser percebido, mas que fornece uma leitura mais ampla e completa do quadro geral. Assim, passa-se a reconhecer, no leitor-espectador, uma figura importante na criação da obra, tendo em vista que se considera a leitura e a atribuição de sentido como parte do próprio processo de criação; processo esse que possui na leitura a instância final de sua cadeia de eventos, mas que encontra em cada ato de observação uma nova via de significação, permitindo não só a suspensão da descrença como a suspensão da própria atenção em virtude de um novo acordo metaficcional (não só escrever de novo é escrever de maneira nova como ler é também um ato de reescrita, de ressignificação). Dessa forma, propõe-se a mudança da pergunta fundamental quem está narrando a história? para a visualização de um observador privilegiado ao qual se delega a tarefa de adentrar o universo ficcional da obra, fruto da união de vozes resultantes de um complexo e coletivo processo de criação. Para ilustrar esse procedimento, elabora-se uma adaptação da peça O Boato, de João Simões Lopes Neto, em roteiro derivado para uma série televisiva ao estilo half-hour comedy, esmiuçando seu processo de criação e a presença de subjetividades somadas durante esse processo que se enunciam apesar de sua ausência, em trabalhos inertes e atuantes que, mobilizados, materializam o produto final.