Psicoterapia interpessoal em grupo (TIP-G) : intervenção na depressão resistente e implementação na atenção primária em saúde mental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mattos, Maria Isabel Perez
Orientador(a): Fleck, Marcelo Pio de Almeida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/255659
Resumo: Introdução: A psicoterapia interpessoal foi introduzida nos anos 1970 por Klerman e Weissman para o tratamento da Depressão, tendo sido testada em diversos ensaios clínicos controlados. É uma técnica de tratamento de tempo limitado, planejada inicialmente para tratar a fase aguda das depressões maiores, unipolares e não-psicóticas, tendo como foco a melhoria de habilidades de comunicação interpessoal. A terapia interpessoal em grupo foi adaptada por Wilfey e colaboradores (1998) e é baseada na ideia de que muitas das dificuldades que as pessoas têm nas suas vidas podem ser entendidas como um problema de convívio e os grupos oferecem uma oportunidade ímpar para aprender a discriminar os padrões interpessoais disfuncionais dos adaptativos. Além disso, a TIP-G é bastante custo-efetiva tornando-se uma opção recomendada à população de baixa renda. Apesar das evidências crescentes dos benefícios dos tratamentos psicológicos (TPs) em países de baixa e média renda, poucos sistemas nacionais de saúde têm adotado psicoterapias como opção de cuidado. A capacitação e a implementação em psicoterapias breves e em grupo poderiam acrescentar, portanto, um maior repertório de alternativas de tratamento tanto em cuidado primário como em cuidado secundário nas depressões resistentes ao tratamento. A disseminação e a implementação no mundo real de estratégias de tratamento baseadas em evidência, é fundamental para dar um retorno à sociedade das verbas investidas em pesquisa. A Ciência da Implementação propõe uma metodologia mais eficaz de transmissão e aplicação de novos conhecimentos. Por outro lado, a metodologia qualitativa pode contribuir na compreensão dos fenômenos que ocorrem durante uma psicoterapia e servir como geradora de hipóteses. Objetivos: a) descrever a tentativa de implementação da Terapia Interpessoal em Grupo (TIP-G) na Atenção Primária de Saúde, utilizando os princípios de Ciência de Implementação; b) descrever o processo terapêutico da Terapia Interpessoal em Grupo (TIP-G) numa amostra de pacientes com depressão resistente utilizando a metodologia qualitativa. Os objetivos foram traduzidos na forma de dois artigos: 1) Implementação da Psicoterapia Interpessoal em Grupo na Atenção Primária; 2) Efeitos da Terapia Interpessoal em grupo (TIP-G) em pacientes com Depressão Resistente ao Tratamento: uma análise qualitativa. Artigo 1) Resultados: 120 profissionais responderam ao pré-teste e 84 ao pós-teste de conhecimentos sobre TIP. A média do pré-teste foi de 8,2 (dp 2,8) e do pós-teste foi de 12,2 (dp 3,3). A diferença entre as médias foi -4,02 com CI 95% entre -4,87 e -3,17 (p<0.001). Foram supervisionados 20 profissionais, um grupo de TIP-G foi efetivamente iniciado na rede. A análise qualitativa identificou 12 barreiras e 6 facilitadores no contexto individual (profissional), da organização e do sistema. Discussão: O curso teve adesão de um grande número de profissionais e aumentou a proficiência em TIP-G, porém apenas 20% de profissionais compareceu às supervisões. A implementação sofreu impacto de diversas barreiras, especialmente o impacto de mudanças ocupacionais. Conclusões: A implementação da TIP-G na atenção primária é um processo complexo que envolve várias etapas. A primeira etapa que correspondeu à formação de profissionais de saúde em TIP-G foi relativamente bem sucedida. No entanto, as etapas subsequentes foram mais difíceis de implementar devido ao surgimento de barreiras. Portanto, um planejamento cuidadoso da implementação da TIP-G é essencial para maximizar o sucesso dessa iniciativa inovadora. Artigo 2) Resultados: Seguindo as principais áreas problema da TIP, foram gerados quatro temas: “Melhorar a comunicação” associada a Disputas Interpessoais; “Relações sem saída” – dificuldade em lidar com conflitos; Doenças crônicas e depressão; e Aceitação da perda como parte do luto. Discussão: A narrativa dos pacientes que apresentaram melhora dos sintomas depressivos foi diferente daqueles que não melhoraram. A disputa Interpessoal foi a área problema onde a diferença entre os dois subgrupos foi mais acentuada: pacientes com disputas interpessoais intensas e difíceis de resolver foram identificados no grupo que não melhorou sintomaticamente e foi difícil para esses pacientes se beneficiarem com a técnica da TIP-G. Conclusões: Os benefícios da TIP-G foram associados qualitativamente a melhora da sintomatologia depressiva em pacientes com Depressão Resistente ao Tratamento em um serviço ambulatorial terciário. No entanto, um subgrupo de pacientes que apresentou Disputas Interpessoais graves relacionadas ao relacionamento familiar ou ao de casal não obteve o mesmo efeito em termos de redução de sua sintomatologia depressiva por meio da TIP-G.