Abandono em psicoterapia psicanalítica : estudo qualitativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Jung, Simone Isabel
Orientador(a): Eizirik, Claudio Laks
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/86424
Resumo: Esta tese teve como objetivo geral analisar o fenômeno do abandono em psicoterapia psicanalítica (PP) através de metodologia qualitativa. Para tanto, três artigos foram realizados identificando características de inicio e término de tratamento de pacientes adultos classificados por seus psicoterapeutas como pacientes que abandonaram a PP, em um serviço de atendimento da cidade de Porto Alegre/Brasil, cujo objetivo principal é a formação de especialistas em PP. Foi utilizado em todos os estudos o método de Bardin (1995) para analisar o conteúdo das entrevistas iniciais de tratamento, encontradas no arquivo do serviço de atendimento, e das entrevistas pós-tratamento realizadas pela autora da tese. O primeiro artigo apresenta a análise do tratamento de seis mulheres que abandonaram a PP. Objetivos pouco claros de tratamento, fraca disposição para mudar, sinais precoces de transferência negativa e resistência, e ausência de reconhecimento da própria participação nos problemas são fatores que surgiram no início da psicoterapia. Ganhos terapêuticos, insatisfação e resistência durante o processo psicoterapêutico pareceram estar associados ao abandono. O segundo artigo revela os achados dos tratamentos de cinco pacientes que abandonaram a PP e de cinco que a completaram. Pacientes que abandonaram a PP apresentaram no início do tratamento: objetivos e expectativas focalizadas, fraca disposição para mudar, capacidade de insight diminuída, percepção negativa dos tratamentos anteriores, e manifestações significativas de transferência negativa e resistência. Por outro lado, pacientes que completaram a PP possuíam metas e expectativas de psicoterapia relacionada com aspectos mais amplos da vida, foram menos resistentes para começar o tratamento, apresentaram maior disposição de mudar, transferência mais positiva, e níveis mais elevados de percepção e de satisfação com o tratamento anterior. Durante o tratamento, pacientes que completaram a PP foram menos resistentes e estavam mais satisfeitos com a psicoterapia, referiram benefícios mais eficazes e alcançaram maior capacidade de continuar trabalhando em problemas psicológicos, em comparação com os pacientes que abandonaram a PP. E o terceiro artigo, mostra os dados encontrados nos tratamentos de pacientes que abandonaram a PP em diferentes momentos da psicoterapia. Sete pacientes de tempo de abandono médio (AM- dois a 11 meses após o início da psicoterapia) comparados com sete pacientes de tempo de abandono tardio (AT- mais de um ano após o início) foram identificados como aqueles que iniciaram o tratamento mais por indicação de terceiros do que por conta própria, apresentando maior resistência, com expectativas de mais apoio, menor transferência positiva, mais queixas depressivas e experiências negativas com tratamentos anteriores. Na entrevista pós-tratamento revelaram mais resistência durante o processo de psicoterapia. Abandonaram a psicoterapia com menor capacidade de insight, avaliaram mais negativamente o tratamento tanto nos aspectos gerais como nos específicos. Embora distinções tenham sido observadas, entende-se que a diferenciação das características dos grupos de AM e AT é tênue e necessita de mais investigações. Esta tese oferece algumas hipóteses ou explicações para o complexo fenômeno do abandono da PP. Sugere que as decisões de iniciar, abandonar ou completar a psicoterapia dependem de múltiplos fatores, tais como: definição de metas e objetivos estabelecidos em conjunto pela dupla paciente/psicoterapeuta, disposição para empreender mudanças, capacidade de insight que implica em reconhecimento da condição psíquica e da participação nos problemas, resistência, transferência e experiência vivenciada em tratamento anterior. Os resultados obtidos nesta tese são exploratórios necessitando mais estudos nessa área.