Prevalência de anemia em pacientes submetidos a cirurgias no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o seu impacto em desfechos no pós-operatório

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mendanha, Clarissa
Orientador(a): Stefani, Luciana Paula Cadore
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/254515
Resumo: Introdução: A anemia é uma condição comum na população e atinge diversas faixas etárias. Sua ocorrência está associada às condições básicas de saúde e ao acesso precoce para o tratamento de doenças. Movimentos mundiais apontam a necessidade de incluir o diagnóstico adequado e o tratamento profilático da anemia no pré-operatório. Sua avaliação se torna especialmente importante em pacientes submetidos a cirurgias que apresentam risco de sangramento e aumento da demanda das reservas fisiológicas. Além disso, a anemia no perioperatório aumenta sobremaneira a chance de transfusões sanguíneas e de todas as consequências associadas a esse tratamento. Ela tem sido apontada como um fator de risco modificável e independente para complicações e mortalidade perioperatórias. Entretanto, pouco se conhece sobre a epidemiologia da anemia em pacientes submetidos a cirurgias no Brasil. Objetivo: Essa dissertação buscou contribuir para o estudo desse tema e teve por objetivo avaliar a prevalência de anemia no pré-operatório e sua relação com desfechos pós-operatórios em pacientes adultos submetidos a cirurgias nos últimos 5 anos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Metodologia: Para isso, foi realizado um estudo de coorte retrospectivo, utilizando-se os dados do prontuário eletrônico do HCPA de todos os pacientes adultos submetidos à cirurgia, excluindo-se aqueles com ausência de hemoglobina no pré-operatório, submetidos a procedimentos diagnósticos com sedação apenas ou com anestesia local, entre o período de janeiro de 2015 a dezembro de 2019. Avaliou-se a prevalência de anemia no pré-operatório e sua investigação. A presença de anemia foi definida de acordo com critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) como Hb < 12 g/dl para mulheres e Hb < 13 g/dl para homens. Análise multivariada com regressão de Poisson foi utilizada para avaliar a associação de anemia com mortalidade intra-hospitalar em até 30 dias no pós-operatório como desfecho primário. Desfechos secundários foram transfusão e transferência para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Resultados: Foram incluídos 15 166 pacientes. A idade média foi de 56 anos, sendo 7.819 (51,6%) mulheres. A anemia pré-operatória esteve presente em 6.387 (42,1%) pacientes, 2.881 (19,1%) apresentaram anemia leve, 2.837 (18,7%) anemia moderada e 669 (4,4%) anemia grave. Após ajuste para potenciais fatores de confusão, pacientes com anemia moderada (RR 1,73-95% IC 1,43-2,10) e grave (RR 2,43-95% IC 1,92-2,07) apresentaram maior risco de morte em até 30 dias no pós-operatório. A anemia também aumentou significativamente o risco de transfusão [RR de 11,83 (95% IC 10,09-13,85) para anemia grave e RR de 5,44 (95% IC 4,72-6,27) para anemia moderada]. Conclusões: Concluímos que 4 em cada 10 pacientes apresentaram anemia no pré-operatório na nossa coorte de pacientes cirúrgicos. Esses pacientes têm um risco aumentado de transfusão e de morte. A fragmentação entre os sistemas de saúde primário e terciário, atrasos no acesso à cirurgia e o crescente número de pacientes idosos submetidos a cirurgias mais complexas contribuem para esse cenário. É necessário avaliar, em nosso meio, a eficácia de intervenções e programas de melhoria de qualidade que visem prevenir e tratar a anemia no pré-operatório, assim como estimular estratégias preventivas de sangramento e transfusão.