Militarização e a legitimação de pautas populistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gomes, Greice Martins
Orientador(a): Meira, Fábio Bittencourt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/257295
Resumo: Essa tese investiga a relação entre práticas populistas e militarização. Toma-se como contexto o Bolsonarismo, um populismo de direita radical que, enquanto forma de governo, ocorreu entre 2019-2022 no Brasil. A militarização é interpretada como a ocupação de cargos na Administração Pública civil por militares bem como a realização, por meio de políticas governamentais, de doutrinas defendidas ou formuladas pelos militares. Como caso de estudo é analisado o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) o qual prevê a criação de um formato organizacional híbrido, as Escolas Cívico-Militares (Ecim), as quais transitam entre um colégio militar e uma escola civil da rede pública. Nelas a gestão administrativa e o controle dos alunos passam a ser feitos por militares. Para dar conta de responder à questão norteadora dessa pesquisa que indaga sobre como a representação de atores sociais em organizações militarizadas (PECIM) legitima pautas mobilizadas por um populismo de direita radical? Utiliza-se como referencial metodológico a Análise Crítica do Discurso desenvolvida por Theo Van Leeuwen (2008) para quem a compreensão sobre os processos de legitimação discursiva pode ser alcançada a partir da forma como os atores sociais são representados nos textos. Sendo que os textos investigados são provenientes de órgãos oficiais do governo, de pessoas diretamente relacionadas ao Pecim e, também, de entrevistas com informantes. Esse estudo traz contribuições teóricas em duas grandes frentes. A primeira diz respeito à compreensão daquilo que se estabelece da relação entre populismo e militarização e a segunda é levar em conta a experiência populista brasileira para compreendermos as suas implicações organizacionais e os desafios que governos desse tipo colocam às sociedades democráticas. Os achados dessa pesquisa indicam que a militarização legitima pautas que dizem respeito ao ataque às minorias, à produção de inimigos ideológicos atrelada à disseminação de teorias da conspiração; à politização da Administração Pública com a distribuição de cargos não pela expertise daqueles que os ocupam, mas pelas suas ligações simbólicas ou factuais com o governo e, ainda, à promoção de políticas públicas que não têm como objetivo central resolver problemas sociais mais prementes.