O povo no caleidoscópio: o discurso bolsonarista à luz das teorias contemporâneas do populismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Luz, Michele Diana da
Orientador(a): Mendonça, Daniel de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciência Política
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Política
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9775
Resumo: O populismo é um fenômeno cuja origem remonta a dois movimentos agrários do século XIX. De lá para cá, sua ocorrência em diferentes partes do globo e em variados formatos fez com que a teoria política se debruçasse sobre o tema na tentativa de compreendê-lo. Os esforços analíticos passaram por diferentes etapas, que permitiram uma visão mais abrangente a seu respeito, de modo a ampliar o debate para aspectos como a sua relação com a democracia representativa liberal e a centralidade do antagonismo para o fenômeno. Na última década, o populismo voltou ao centro do debate teórico em virtude de sua ressurgência. Com feições novas, o momento populista atual tem se caracterizado pelo seu tom reativo e radicalizado. No Brasil, um discurso com traços muito similares ganhou espaço e culminou na eleição de Jair M. Bolsonaro como Presidente da República, em 2018. Visando verificar a adequação de se classificar o bolsonarismo como um fenômeno populista, o trabalho se propôs a identificar os principais sentidos articulados pelo discurso e, a partir disso, a centralidade das figuras do “povo” e do “inimigo” em sua estruturação. Tomando por base o arcabouço teórico do populismo, a pesquisa empregou a análise do discurso laclauniana como metodologia para a investigação dos discursos pré-eleitorais e eleitorais de Jair Bolsonaro (2015-2018) em sua principal plataforma de comunicação, o Facebook. Os resultados confirmaram a hipótese defendida, de que o bolsonarismo se constitui como um discurso populista reativo de direita. Identificando que a identidade do “povo” no bolsonarismo se constrói no significante do “cidadão de bem”, em oposição ao “inimigo”, descrito na imagem do Partido dos Trabalhadores, o estudo sublinha a necessidade de a teoria populista estar atenta às formas de construção do “povo” que escapam às configurações clássicas empregadas pela teoria e propõe a ampliação e adequação temporal das dicotomias associadas ao fenômeno.