Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Pinto, Clarissa Both |
Orientador(a): |
Polanczyk, Carisi Anne |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/214643
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Resumo: |
Introdução: Diabetes mellitus (DM) é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares, as quais são a principal causa de mortalidade nesses pacientes. Pacientes com DM têm doença arterial coronariana mais extensa e são um subgrupo com maior probabilidade de se beneficiar de procedimentos cirúrgicos ao invés de procedimentos percutâneos. A cirurgia cardíaca é um procedimento complexo, e o perfil de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca mudou significativamente nas últimas décadas, incluindo mais pacientes com DM e com múltiplas comorbidades. Estudos prévios mostram que a presença de DM está associada à maior morbimortalidade no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Além disso, o EuroScore II é amplamente utilizado para avaliar riscos de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, embora tenha sido desenvolvido a partir de coortes europeias e sua precisão possa diferir em outros contextos clínicos. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto do DM nas complicações pós-operatórias de cirurgia cardíaca; avaliar se o diabetes é um preditor independente de morte e MACE; avaliar se o protocolo de insulina intravenosa para correção da hiperglicemia persistente em unidade de terapia intensiva e a hemoglobina glicada pré-operatória são preditores independentes para os desfechos analisados; descrever a acurácia do EuroScore II para prever a morte e os principais eventos. Métodos: Estudo de coorte prospectiva de pacientes adultos submetidos à cirurgia cardíaca entre 2015 e 2018 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A coleta de dados foi realizada antes da cirurgia, por meio da aplicação de questionário e da busca em prontuário eletrônico; e durante a cirurgia até a alta hospitalar, por meio do prontuário eletrônico. Na análise estatística, foi realizada regressão de Poisson univariada com ajuste robusto nas variâncias, adotando-se p < 0,2 para inclusão no modelo multivariado. Foram considerados significativos valores de p≤0,05. Resultados: Este estudo incluiu 541 pacientes, 241 submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica, 161 cirurgias valvares e 71 procedimentos combinados. A prevalência de indivíduos com DM foi de 32%. Observou-se que os pacientes com DM eram mais velhos (idade média dos diabéticos 65,8 ± 8,8, idade média dos pacientes sem diabetes 60 ± 12,9, p <0,001), mais hipertensos (91% vs 67%, p <0,001), apresentaram mais história prévia de infarto agudo do miocárdio (35% vs 25%, p = 0,01), de acidente vascular cerebral (16% vs 11%, p = 0,04) e doença vascular periférica (8,9% vs 3,8%, p = 0,01). Quanto ao desfecho óbito, os pacientes com DM apresentaram maior mortalidade (11% vs. 4,9%, HR 2,5, IC95% 1,3-4,6 p <0,003), bem como MACE (22,4% vs. 11,8% em pacientes não diabéticos; HR 1,97; IC95% 1,3-2,9 p <0,001). Pacientes com DM também apresentaram maior incidência de infecção (22,4% vs. 11,8%, FC 1,8, IC 95% 1,2-2,66, p = 0,003) e novos episódios de fibrilação atrial (28% vs. 19,8%; HR 1,4, IC 95% 1,05-1,96, p = 0,023). O protocolo de insulina na UTI e a hemoglobina glicada> 6,5% não foram preditores para os desfechos analisados. A acurácia do EuroScore II para prever a morte foi de (AUC) 0,81 (IC 0,74-0,87) e para MACE (AUC) foi de 0,70 (IC). 0,63-0,77). Conclusão: Independentemente de todos os avanços no cuidado perioperatório, os pacientes com DM apresentaram mais comorbidades e maior morbimortalidade após cirurgia cardíaca. Cuidados focados devem ser adotadas para melhorar os resultados para esses pacientes. Hiperglicemia persistente com necessidade de protocolo de insulina na UTI e hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5% não foram preditores independentes de morte e MACE. A capacidade preditiva do EuroScore II permaneceu adequada para morte e eventos importantes e pode ser usada para avaliação de risco pré-operatória. |