Campeirismo musical e os festivais de música nativista do sul do Brasil : a (pós)modernidade (re)construindo o "gaúcho de verdade"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ferreira, Clarissa Figueiró
Orientador(a): Braga, Reginaldo Gil
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/101270
Resumo: Este estudo tem por objetivo compreender como são construídas as identidades musicais nos festivais de música nativista do sul do Brasil através do segmento denominado como “música campeira”. Segundo os colaboradores desta pesquisa, esta nova estética e estilo musical teria surgido na década de 1990, tendo como característica, a preocupação com a “autenticidade” da “verdadeira música gaúcha”, sendo justificada devido a “exageradas modificações” que estaria sofrendo na última década do século XX. Para assegurar, então, a não “deturpação” da música nativista, o segmento fechou-se e tornou mais rígido o entendimento sobre sua preservação. Este novo paradigma ressignificou a compreensão sobre o gauchismo, a partir de um gaúcho intelectualizado, defendido por uma parte deste segmento, no qual, paradoxalmente, a vivência no campo tornou-se fator indispensável para adquirir legitimidade sobre o que se está descrevendo e representando em música. Dessa maneira, são reconhecidos marcos para esta mudança estilística, como o surgimento do cantor Luiz Marenco, e a música Na Forma, campeã da 7º edição do festival Reponte da Canção, realizado em 1991. Também se pôde constatar como estas criações são inspiradas em artistas do “movimento missioneiro” e artistas considerados do folclore argentino e uruguaio, mostrando como são construídas estas identidades atualmente por meio de um viés transnacional. Desta forma, a pesquisa etnográfica foi realizada em quatro festivais, além de entrevistas com músicos e compositores, no qual foi possível constatar um “estilo festivaleiro” quanto ao modo de compor que se convencionou a partir deste entendimento. Também se fez uso de pesquisas em jornais, em revistas e em mídias digitais (textos online, áudios e vídeos) a fim de compreender como são criadas, mantidas e negociadas musicalmente estas identidades. A partir da difusão da música campeira, além dos eventos no qual são destinadas (os festivais nativistas), através de produções fonográficas, e a propagação destas composições musicais em outras esferas da mídia, como rádios, televisão e internet, são discutidas as questões de indústria cultural e representação destas identidades, por meio da comercialização de bens materiais e simbólicos que constituiu. Assim sendo, a pesquisa demonstrou como as características locais ainda buscam permanecer em meio aos grandes processos de transformações vividos em tempos de (pós)modernidade, através do entendimento de que a mídia global estimula o fortalecimento dos discursos e práticas locais, fornecendo novas vias de acesso daquelas anteriormente disponíveis, além de encontrar, assim, a ampliação de audiências receptivas.