“É a cereja do bolo do nosso trabalho” : o processo de reintegração familiar de crianças acolhidas sob a ótica dos profissionais do acolhimento institucional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Amanda Hoffmann de
Orientador(a): Silva, Milena da Rosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/282471
Resumo: A presente pesquisa de mestrado foi construída através do objetivo explorar a temática da reintegração familiar de crianças acolhidas institucionalmente. Foram realizadas cinco entrevistas semiestruturadas com profissionais da equipe técnica de dois Núcleos de Abrigos Residenciais (NAR) da Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Sul (FPE-RS). Tendo em vista a escassez de pesquisas sobre o assunto, busquei compreender de que maneira esse processo ocorre na instituição, uma vez que a reintegração é tida, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como a saída preferencial frente à medida protetiva de acolhimento institucional. Procurei investigar como os profissionais experienciam, pensam e percebem esse processo. A via metodológica que sustentou esse trabalho foi a psicanálise, sendo assim, a partir da leitura das transcrições das entrevistas, dirigida pela escuta, foram elencados cinco temas de análise: 1) Para além da política pública, o que é a reintegração familiar na FPE-RS? No qual busquei formular uma compreensão a respeito desse processo. 2) O papel da equipe e a Experiência Familiar: entre o cuidado e o controle. Temática em que explorei a Experiência Familiar, ferramenta de transição entre instituição e família desenvolvida no âmbito da FPE-RS, através do conceito de espaço potencial de Winnicott demonstrando a inseparabilidade das tarefas de cuidado e controle às quais os profissionais são convocados a responder. 3) Padrões e ideais evocados para possibilitar a reintegração. Tema que destacou os atravessamentos de classe e raça presentes no processo de acolhimento e desacolhimento e de que maneira isso influencia o processo de reintegração. 4) Família acima de tudo? Tema no qual discuto a supervalorização da família e dos laços consanguíneos presente na preferência pela reintegração, bem como, até que ponto os profissionais a buscam. E 5) E a criança, onde fica? No qual proponho uma reflexão a respeito da forma como as crianças apareceram nos discursos das participantes. Os capítulos foram compostos por trechos das entrevistas articulados às demais produções científicas sobre os temas abordados. A análise dos dados demonstrou, por um lado, que persiste no cenário do acolhimento institucional uma tendência a separação de famílias desfavorecidas economicamente que, para reaverem suas crianças, tornam-se alvos de controle e exigências estatais. Mas, por outro, evidenciou que ferramentas como a Experiência Familiar têm o potencial de produzir espaços de acolhimento e escuta tanto para famílias quanto para crianças, o que pode contribuir na construção de práticas menos (re)produtoras de exclusão, desigualdades e violências.