Adolescentes em acolhimento institucional: no trânsito da maioridade, a reedição do desamparo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rubio, Natalia Afonso
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-11032020-164232/
Resumo: Esta pesquisa surgiu da angustiante experiência de acompanhar, como Psicóloga de um Abrigo Institucional, o desligamento compulsório da instituição por adolescentes que atingem a maioridade civil. Apesar de o abrigo ter um caráter excepcional e provisório, quando a reinserção familiar ou colocação em família substituta não é possível, o tempo de acolhimento se prolonga e a saída do adolescente fica iminente ao completar 18 anos de idade, mesmo sem o preparo adequado. Nesse cenário, com o intuito de contribuir para a assistência e possibilidades de intervenção com estes jovens, o objetivo geral deste estudo é compreender o processo de formação de expectativa de adolescentes que irão se desligar do serviço de acolhimento institucional em que vivem, por atingir a maioridade civil. No âmbito de uma Pesquisa Qualitativa, a partir de um referencial psicanalítico, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e o Procedimento Desenho-Estória com Tema com duas adolescentes, de 16 e 17 anos, de um serviço de acolhimento institucional do interior do estado de São Paulo, acerca da temática da saída pela maioridade. Observou-se a 1) dificuldade dessas jovens de associar e fantasiar sobre sua vida após o abrigo; 2) na ausência desta capacidade associativa, prevalência de idealizações pouco articuladas com suas condições reais e pouco apropriadas do ponto de vista de seu mundo interno; 3) tendência a repetição, na transferência, durante a coleta de dados, de uma relação de vigilância, que sugere aspectos qualitativos das relações vividas no abrigo. Diante dos resultados obtidos, algumas reflexões são levantadas, à luz da teoria winnicottiana, acerca da importância do abrigo se constituir como ambiente que possibilite a integração, personalização e maturidade de seus acolhidos. E no trânsito da maioridade, o estímulo ao vínculo construído com adultos de referência, seja da própria instituição, da família ou da comunidade, é proposto como estratégia para a construção de projetos de vida mais realistas. A formação de vínculos com pessoas, grupos e instituições fora do abrigo pode ter um papel significativo para mitigar os riscos de que a saída do abrigo seja vivida como uma nova ruptura traumática, ocorrendo mais próxima do registro da transicionalidade