O sentido do acolhimento para crianças afastadas do convívio familiar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SOUSA, João Paulo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/810
Resumo: O acolhimento institucional representa a contrapartida da sociedade e do Estado, na responsabilidade de proteção à criança e ao adolescente, quando a família se mostra insuficiente. O objetivo dessa dissertação foi compreender o sentido que a criança institucionalizada atribui à sua condição de acolhimento. Foram empreendidos dois estudos, em que o Estudo 1 consistiu em uma revisão integrativa, e o Estudo 2, uma pesquisa empírica, qualitativa, descritiva, de corte transversal. O Estudo 1 teve como objetivo conhecer o que a literatura tem abordado sobre o tema acolhimento de crianças, bem como sobre o sentido que a criança atribui a esse processo. Foram pesquisados artigos em português, inglês e espanhol, publicados entre 2012 e 2017, nas plataformas LILACS, PePSIC, PsycINFO e SciELO. Identificaram-se 175 estudos, dos quais 14 foram selecionados. Crianças em situação de acolhimento têm origens em famílias monoparentais, de baixas renda e escolaridade, desempregadas, com dificuldade de acesso a bens e serviços básicos e condições de habitação inadequadas. A negligência dos cuidadores foi o principal motivo para acolher e as crianças institucionalizadas por longos períodos, ou que se sentem inseguras e desamparadas, estão mais propensas aos transtornos depressivo e de apego reativo. Educadores foram fundamentais na preparação para a reinserção familiar, embora tenham se mostrado resistentes ao desligamento, por desacreditarem em perspectivas futuras positivas junto às famílias. A criança sente a instituição como aprisionadora, ao mesmo tempo em que se sente cuidada, evidenciando-se sentimentos ambivalentes. Concluiu-se que a heterogeneidade dos relatos dos acolhidos sugere a incompreensão do processo de acolhimento e demanda novas investigações que contem com a contribuição de crianças como participantes. O Estudo 2, objetivou compreender o sentido que a criança institucionalizada atribui à sua situação de acolhimento. Participaram cinco crianças acolhidas, sendo a coleta de dados realizada por meio de entrevista lúdica, entrevista semiestruturada e observação participante. Os dados foram organizados com base na análise de conteúdo temática e da enunciação, e discutidos na perspectiva da psicanálise winnicottiana. Constatou-se que as crianças desconhecem os reais motivos que as conduziram à situação de acolhimento, sobretudo quando menores. Embora as crianças maiores tenham associado o afastamento do lar à negligência, não conseguiram descrevê-la. Infere-se que há falhas na comunicação das razões para o acolhimento, e que, para realizá-la, os graus de desenvolvimento devem ser considerados. As crianças não relataram insatisfações relativas à instituição, mas todas manifestaram expectativas de reintegração familiar. Um participante considerou a possibilidade de reintegrar-se à família extensa e os demais expressaram a convicção de que retornariam ao convívio com a mãe. Isso enfatiza a importância do cuidado familiar e indica a complexidade de se tentar substituí-lo. Observou-se que as maneiras como as crianças participantes se relacionam entre si e com os adultos apresentam conflitos que se assemelham a conflitos familiares e que a instituição se esforçou para proporcionar um ambiente facilitador para o desenvolvimento de todas. Por fim, a construção destes dois estudos, relativamente autônomos, contudo complementares, permitiu concluir que há a necessidade de metodologias mais eficazes de comunicação entre instituições e acolhidos, que facilitem a compreensão e a elaboração de um sentido, pela criança acolhida.