Territórios e representações sociais em tensão na orla da Laguna dos Patos, Pelotas-RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ruas, Keli Siqueira
Orientador(a): Heidrich, Álvaro Luiz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/206665
Resumo: A tese busca compreender a (re)produção do espaço costeiro Balneário dos Prazeres a partir das apropriações, usos e representações da natureza, as quais desencadeiam tensionamentos e conflitos entre os atores sociais territorializados. A pesquisa parte do pressuposto de que a natureza do lugar, aos poucos, está deixando de fornecer valores de uso aos seus habituais usuários, para ser dominada e fetichizada como mercadoria. Desse modo, analisou-se o fato de as estratégias de conservação da natureza do poder público local estarem fragilizando os vínculos dos veranistas populares e afro-religiosos com o território praia. Inicialmente, investigouse o espaço social do Balneário dos Prazeres por meio das ações dos diferentes atores sociais. Observou-se, assim, que os atores exógenos invisibilizaram as territorialidades locais ao longo do tempo, mantendo-as como espaços residuais (físico e simbólico). Tais espaços foram estigmatizados por representações pejorativas como estratégias para potencializara praia dos "ricos" em detrimento da praia dos "pobres". Além disso, as ações de revitalização do espaço público da orla vão ao encontro de uma revalorização do solo urbano, que já ocorre em seu entorno. No campo metodológico, o trabalho é fundamentado na teoria espacial de Henri Lefebvre por meio da sua dialética triádica e em aportes teóricos da Geografia Social. Dentre as diversas técnicas de pesquisas adotadas destaco as entrevistas semiestruturadas abertas, a análise de conteúdo e representações sociais e a oficina de mapeamento social. Essas técnicas revelaram os subterrâneos de práticas desviantes do uso do espaço-praia e matas adjacentes, (onde todos se permitem). Dessa relação com a natureza emergem os problemas ambientais associados a ações antrópicas e os conflitos socioambientais próprios do processo de produção dos espaços costeiros na modernidade. Neste trabalho, é possível identificar processos de sobreposição de competência na gestão territorial, bem como nas apropriações do espaço-praia. A multiterritorialidade que o Balneário dos Prazeres produz, com suas inter-relações entre os sistemas socioculturais e o ambiente biofísico nas suas diversas escalas, não é observada no planejamento e gestão territorial desse espaço costeiro. Perpetuam-se, ali, os conflitos, pois quando não há o pacto social, a territorialidade ganha espaço estratégico para a resolução dos conflitos. O trabalho revela, pois, que a geografia vivenciada no Balneário dos Prazeres é de conflitos territoriais, injustiças ambientais, lutas sociais e de transformação.