Ficção a céu aberto: écfrase de arte contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lancman, Thais Kuperman
Orientador(a): Pereira, Helena Bonito Couto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/28698
Resumo: A arte contemporânea representa um desafio novo na tradição da écfrase. A abertura irrestrita das linguagens e temas leva-nos a questionar como a transposição dessa arte pode torná-la presente para o leitor. A partir da análise de duas narrativas contemporâneas – Não há lugar para a lógica em Kassel (2015), de Enrique Vila-Matas, e O museu da inocência (2011a), de Orhan Pamuk –, em que a écfrase desempenha papel fundamental, esta pesquisa de doutorado busca entender até que ponto as mudanças no universo das artes visuais levam à necessidade de atualizar a teorização existente a respeito da écfrase. Chegamos a duas categorias que buscam iluminar pontos relevantes da écfrase de arte contemporânea, sem se restringirem a ela e sem inviabilizar o uso concomitante de demais categorizações existentes. Falamos em écfrase curatorial, para as passagens ecfrásticas que destacam os procedimentos de seleção e arquivamento de obras, relacionando-as em um contexto de exposição, ou ainda, obras de arte fundamentadas sobre tais procedimentos, como delimitado por Filipovic (2013). Outra categoria delineada nesta pesquisa é a écfrase fática, a partir do conceito de convivialidade explorado por Blommaert e Varis (2018), inseridos na lógica dos Atos de Percepção e de Recepção, como definidos por Elleström (2021). Por fática, entendemos a écfrase que explora os aspectos comunicacionais da obra de arte contemporânea, centrando-se na experiência de teste permanente da capacidade de proposições artísticas produzirem comunicação, entre artista e espectador e entre diferentes espectadores, estabelecendo a convivalidade, um convívio fluido mas nem por isso desprovido de significado. As obras analisadas utilizam, cada uma à sua maneira, a écfrase como elemento de indefinição, ou seja, inserem a abertura da arte contemporânea na amplitude da narrativa em sua incorporação de gêneros e registros. Por esse motivo, discutiremos nesta tese a écfrase como passagens que nos permitem entender melhor o funcionamento da ficção, a partir da comprensão de que a écfrase é um procedimento exemplar e agudo de reconstrução do olhar, da percepção e da memória.