Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Almeida, Thais de Souza [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/151103
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Resumo: |
A retomada do mito bíblico de Salomé, retratado primeiramente nos evangelhos de S. Marcos e S. Mateus, fez escola no movimento simbolista francês. Salomé, que até então havia sido apresentada como mero apêndice de sua mãe, Herodíade, aparece, no final do século XIX, como a grande personificação da anima perversa, assumindo o papel que outrora pertencera a Cleópatra e Helena. O mito trata da história de Salomé, princesa da Judeia, que, sob a influência de sua mãe, realiza a dança dos sete véus para seu padrasto e, como prêmio pelo espetáculo voluptuoso, recebe a cabeça do profeta João Batista. Retratada pelos artistas de diversas vertentes da arte, essa Salomé remodelada vem representar a essência própria do movimento simbolista – a transgressão da linguagem, da temática e da atitude do poeta com relação à produção artística –, bem como a de seus poetas (e artistas) malditos, que se vêem marginalizados por uma sociedade opressora e utilitarista, e que, fazendo justiça à princesa, fazem justiça à própria classe. Assim, com a princesa-odalisca Salomé, o simbolismo afirma sua postura combativa, de luta pela libertação da poesia e da arte. Neste trabalho, pretende-se analisar e comparar as obras Salomé (1891), drama de Oscar Wilde (1854 – 1900), e Hérodiade (1864 – 1898), poema de Stéphane Mallarmé (1842 – 1898), com a finalidade de verificar se existem e quais seriam as confluências – e mesmo influências – entre as duas produções, visto que ambas foram idealizadas na mesma época e cenário – o simbolismo francês, no final do século XIX. A importância das duas obras para a arte moderna é incontestável: com Hérodiade – que, embora carregue em seu título o nome da mãe por questões sonoras, trata, na verdade, de Salomé –, vemos surgir em uma obra que transcende o episódio sanguinário da decapitação do profeta João Batista, para se debruçar sobre a imagem da princesa virginal submersa em ennui, que, em suas próprias palavras, “não quer nada de humano” e que almeja até o último e imaculado fio de seus cabelos a sua “desconcretização” enquanto ser desse mundo, na busca incessante pela Pureza. Já em Salomé, deparamo-nos com aquela que se tornou a versão “eleita” do mito, e que povoou o imaginário de diversos artistas do século XX, desde compositores até diretores cinematográficos. Em Wilde, à dança dos sete véus e à decapitação do profeta, segue-se uma dose fatal de loucura, que conduz a princesa a uma morte sanguinária. O fio condutor de ambas as produções parece culminar naquilo que Balakian (2000, p. 65) classificou como “narcisismo obsessivo, não-recompensador, porque não tem saída” ao tratar da obra mallarmeana: em Hérodiade, a autocontemplação leva a princesa à solidão, ao ennui e ao desejo de evasão do mundo; em Wilde, a autocontemplação conduz ao caminho da loucura e, em seguida, da morte. Em ambas, portanto, e cada uma a seu modo, o leitor se depara com a estéril (auto)contemplação. Seja por meio da Salomé wildeana - sanguinária, apaixonada, delirante - ou mallarmeana – pura, virginal, ennuyée – essas duas representações da princesa-odalisca se debruçaram fatalmente sobre a estéril contemplação – contemplação vã de sua própria beleza ou da beleza do outro – e, de maneira magnânima, unem-se ao sem-número de obras dedicadas à musa absoluta, topus do fin-de-siècle. |