Descarte dos sujeitos do trabalho na cana: o agrohidronegócio canavieiro nas regiões de Araçatuba, Presidente Prudente e São José do Rio Preto (SP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cardoso, Messias Alessandro [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/257396
Resumo: Neste texto, procuramos revelar a face oculta do agrohidronegócio canavieiro nas regiões de Araçatuba, Presidente Prudente e São José do Rio Preto (SP), enfatizando, o momento atual de reestruturação produtiva no setor, que vem impondo o flagelo do desemprego a milhares de trabalhadores com a mecanização do corte e plantio de cana-de-açúcar, subjugando os que permanecem empregados a exorbitante intensificação do trabalho e originando o drama do descarte. De modo geral, a tese aventada nesta pesquisa revela que as ações e estratégias do agrohidronegócio canavieiro têm levado os sujeitos que trabalham nesse circuito de produção destrutiva ao descarte. Isto é, os ganhos em produtividade, a partir da reestruturação produtiva, no interior do agrohidronegócio canavieiro estão indissociavelmente vinculados à intensificação da degradação sistêmica do trabalho gerando assim, o processo de descarte dos trabalhadores. Constatamos, que grande parcela dos trabalhadores e trabalhadoras desligados da atividade canavieira nessas regiões, não se restringem somente a condição de desemprego, de não poder acionar o valor de troca da sua força de trabalho mediante venda no mercado de trabalho, pois muitos sujeitos entrevistados não vislumbram mais essa possibilidade, porque o valor de uso da sua força de trabalho- sua capacidade física e psíquica- foi degradada sistematicamente no processo de trabalho no agro. Ou seja, a condição do descarte combina a impossibilidade de realização dupla, do valor de uso e troca da força de trabalho, congrega não ter emprego e nem vislumbrá-lo. “Ser” ou “estar” descartado é viver apartado do elo filosófico da existência humana, é estar despossuído das condições físicas e psíquicas do ato de trabalhar. É ter duplamente o valor da sua força de trabalho (valor de troca e valor de uso) ultrajado e aviltado. Portanto, ao invés de ser a “salvação da lavoura” brasileira, este modelo de produção destrutiva, organizado sob os ditames do sistema do capital, encontra-se completamente tolhido em sentido para os trabalhadores. Em suma, o processo de trabalho no agro não é pop, mas, sim, em essência, destrutivo e não atende as expectativas ontológicas do trabalho cheio de sentido para os trabalhadores, os verdadeiros produtores da riqueza social.