Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Bento, Fredi dos Santos [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/182265
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Resumo: |
Nesse início do século XXI, amplia-se cada vez mais a ofensiva do capital sobre o trabalho, movida pela necessidade insaciável de acumulação/reprodução. No Brasil, dentre as várias formas de personificação deste modelo social, destacamos o agrohidronegócio canavieiro, que sob a prerrogativa do discurso falacioso do desenvolvimento nacional, sustentável etc., omite diversos agravos no que diz respeito aos descumprimentos trabalhistas, à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, à sustentabilidade, a questão sindical, ambiental dentre outras. A exemplo da configuração que se apresenta no Pontal do Paranapanema (SP), que tem nos ocupado em estudos anteriores, com destaque para a migração de trabalhadores originários de diversas regiões do Nordeste brasileiro, para o corte manual da matéria prima, que se intensificou desde 2005, mas que a partir de 2014, passou a vivenciar um processo de transição para o corte mecanizado. Essas mudanças técnico-ocupacionais no território do agrohidronegócio canavieiro permitiram que nos dedicássemos à compreensão da diversidade quanto aos estágios de transição/consolidação do corte manual para o mecanizado, agora na 10a Região Administrativa de Presidente Prudente. Dessa forma, são flagrantes os casos de descumprimento da legislação trabalhista, bem como do descarte e adoecimento de trabalhadores na região de estudo, além do expediente regressivo no que diz respeito à situação em que se encontram os trabalhadores e trabalhadoras migrantes que mais que órfãos da cana, têm se tornado na realidade viúvos da cana, diante da intensificação do plantio e corte mecanizados, e sem possibilidades reais de se empregarem em outros setores, tendo em consideração o expediente de adoecimento que marca o trabalho nos canaviais ao longo dos anos e que traz rebatimentos profundos no momento histórico por nós estudado, pois a ampliação das incomodações ocupacionais que resultam no processo contínuo de adoecimento físico e psíquico nos canaviais nos permitiu revelar uma série de contradições que marcam o processo de trabalho no agrohidronegócio canavieiro nesta região. Assim, o texto em consecução diz respeito ao atual momento vivenciado pelo setor sucroenergético no país, num período em se amplia a mecanização dos canaviais e que pudemos acompanhar ao longo de nossa pesquisa nos últimos anos. O período que compreende essa a transição tecnológica/ técnico-ocupacional do setor permite uma melhor visualização, dadas às condições que tal processo ocorre com a urgência dos protocolos firmados em torno do fim da realização da queima (despalha) da cana, o que nos permite, questionar quais os sentidos da utilização da mão de obra migrante, bem como os impactos gerados para a região, enquanto parte das rotas migratórias do trabalho para o capital e quais os motivos que tem levado a Região Administrativa de Presidente Prudente a ser uma das rotas de deslocamento desses trabalhadores e trabalhadoras. Nesta dissertação também foram apresentados casos similar ao que ocorre na Região Administrativa de Presidente Prudente (SP), principalmente quando chamamos a atenção para a situação vivenciada no México, mais especificamente nos estados de Oaxaca, Chiapas e Guerrero, em que pudemos acompanhar através de uma missão de estudos que nos permitiu uma maior interlocução com o temário das migrações e das trajetórias territoriais do trabalho nestas localidades. Em respeito ao redesenho das rotas (trajetórias) migratórias dos trabalhadores e trabalhadoras que percorrem o território brasileiro, sinalizamos nossa compreensão dos mesmos enquanto “viúvos da cana”, em alusão a matéria do Jornal Folha de São Paulo de 02 de julho 2017, em que se noticiava o fim das rotas migratórias tradicionais para o corte manual da cana-de-açúcar em decorrência do processo de transição técnico-ocupacional que o setor tem vivenciado neste início de século. É importante enfatizarmos que também buscamos investigar o processo contraditório engendrado pelo capital, que ao mesmo tempo em que desterritorializa os trabalhadores, também precariza as condições de trabalho no corte da cana-de-açúcar, sob o referencial da superexploração nos canaviais da Região Administrativa de Presidente Prudente (10a R.A.), nos municípios Teodoro Sampaio, Mirante do Paranapanema, Sandovalina, Junqueirópolis, Flórida Paulista e Martinópolis-SP. Dessa maneira, ao longo do desenvolvimento desse texto, também pudemos analisar de que forma se constrói no imaginário dos trabalhadores migrantes para os canaviais da Região Administrativa de Presidente Prudente (10a R.A.) o discurso da qualificação profissional, tendo em vista o momento vivenciado pelo agrohidronegócio canavieiro diante da transição nas formas de colheita da cana (manual-mecanizada) e o controle social dos trabalhadores durante a safra e entressafra da cana-de-açúcar. |