A modernidade como violência e horror: a burocratização e a desumanização da vida em É isto um homem?, de Primo Levi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Afonso, Elaine [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151768
Resumo: Este trabalho consiste no estudo das relações entre modernidade, racionalização e violência no livro É isto um homem?, de Primo Levi. Este autor é um judeu italiano, personagem central de sua obra, que consiste no testemunho daquilo que viveu em Auschwitz, um dos maiores campos de concentração nazista. No livro, o autor recria, por meio da linguagem, um mundo extraliterário, o do campo, com sua arquitetura própria, sua organização interna e suas formas de controle e extermínio. Primo Levi narra as atrocidades cometidas por seres humanos contra outros seres humanos, de uma forma bárbara, deixando claro que, quando a luta é pela sobrevivência, os valores éticos e morais são postos à prova; ao mesmo tempo em que, no caso do carrasco, verdadeiras faces se revelam, trazendo à tona a força da barbárie e sua capacidade de ultrapassar todos os limites humanos. Primo Levi narra os fatos sentindo-se como que incumbido de um dever moral para com a sociedade, dever de falar em nome daqueles que não sobreviveram. Apesar da dificuldade de representação de sua experiência traumática, Levi expõe todo um sistema burocraticamente organizado que possibilitou que Auschwitz chegasse a ser o próprio horror; lugar onde a razão instrumentalizada desfez os princípios iluministas de progresso e animalizou os homens, condenados a uma violência destrutiva e mortífera, que, por sua vez, foi subsidiada pela própria noção de progresso e desenvolvimento técnico que marcou os ideais da modernidade.