Estudo das consoantes róticas nas cantigas medievais galego-portuguesas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Barreto, Débora Aparecida dos Reis Justo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180806
Resumo: A finalidade principal desta dissertação consiste em analisar os fenômenos fonológicos do português empregado na época arcaica, investigando especificamente as consoantes róticas (representadas pelos segmentos <r> e <rr>) localizadas em contexto de início e de travamento silábicos, presentes em 250 cantigas medievais galego-portuguesas. As vibrantes são um tema interessante à composição de um mosaico dos aspectos segmentais do PA, visto que há muitas controvérsias na literatura sobre seu status fonológico, tanto na atualidade quanto em períodos passados da língua. Ademais, existem poucos trabalhos desenvolvidos na área a respeito deste assunto. Nosso objetivo era o de verificar se, no estágio trovadoresco do português, havia dois fonemas róticos em oposição, ou se, no nível fonológico, o som representado por <rr> poderia ser interpretado como uma variante geminada do grafado como <r>. Os segmentos geminados compreendem uma sucessão de dois elementos, sendo que um deles completa a coda da sílaba antecedente, travando-a, e o outro se situa no início da sílaba seguinte. A análise dos dados foi realizada a partir dos modelos fonológicos não-lineares, em especial as teorias autossegmental e métrica. A metodologia escolhida se embasou na observação da possibilidade de variação na escrita das vibrantes, visando estabelecer as relações existentes entre letras e sons, e no estudo do comportamento de <rr> dobrado em posição de ataque, de coda e entre vogais. O exame da amostragem coletada demonstrou que, no ambiente intervocálico, a rótica dupla <rr> pode ser considerada como sendo geminada, do ponto de vista fonológico, porque ocupa duas posições temporais na estrutura da sílaba. No início da palavra, mesmo nos casos de hipossegmentação, a consoante <rr> não retrata uma geminação, dado que representa uma variante gráfica de <r> simples. No contexto de ataque após sílaba fechada por consoante, a vibrante dobrada também simboliza uma variação escrita, já que sua duração é igual a da rótica simples. Reconhecemos, por meio das reflexões promovidas, a existência de um único fonema rótico na etapa medieval do português, o tepe /ɾ/, que, da perspectiva fonológica, apresenta duas variantes, uma simples (<r> ou <rr>), e uma geminada (<rr>). Esta dissertação constatou que é possível obter certas informações acerca da pronúncia das vibrantes do PA mediante ocorrências da grafia e relatou algumas das transformações pelas quais as consoantes róticas do português passaram ao longo da constituição do idioma.