Influência da exposição in utero e lactacional ao anti-inflamatório ibuprofeno: repercussão tardia em parâmetros reprodutivos masculinos, em ratos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Balin, Paola da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153656
Resumo: Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), entre eles o Ibuprofeno, são amplamente utilizados para o tratamento da dor e de processos inflamatórios, e estão entre as classes de medicamentos mais utilizadas por gestantes. Através da inibição da enzima ciclo-oxigenase, os AINEs inibem a síntese de prostaglandinas, compostos eicosanoides que atuam não somente como mediadores e moduladores inflamatórios, mas também em diversos processos fisiológicos do organismo, como no mecanismo de diferenciação sexual hipotalâmica. O processo de masculinização do hipotálamo é dependente de testosterona, que por ação da enzima citocromo P450 aromatase, é convertida em estradiol. Este hormônio regula positivamente a expressão da enzima ciclo-oxigenase no hipotálamo, aumentando a produção de prostaglandina do subtipo E2 (PGE2), que atua aumentando a formação de espinhas dendríticas no núcleo sexualmente dimórfico da área pré-optica (SDN-POA). Em virtude da importância da PGE2 no processo de diferenciação sexual hipotalâmica, torna-se preocupante o uso de anti-inflamatórios durante a gestação. Desta forma, o objetivo desse estudo foi avaliar os possíveis efeitos resultantes da exposição in utero e lactacional ao ibuprofeno e suas repercussões tardias sobre parâmetros reprodutivos masculinos em ratos machos. Para tanto, ratas prenhes foram expostas a três doses de ibuprofeno (10; 30; 60 mg/kg) entre a última semana de prenhez (Dias gestacionais 15-21) até o final da lactação (Dias pós-natal 21) por gavage. Durante o tratamento, foram monitorados o consumo de água e ração, massa corporal e comportamento materno das ratas expostas. Após o desmame, coletou-se o sangue das mães para análises bioquímicas e órgãos para registro do peso. Após o nascimento, os filhotes machos foram avaliados através dos seguintes parâmetros: massa corporal, distância anogenital e idades de descida testicular e separação prepucial. Na vida adulta, estes mesmos animais foram investigados em relação a parâmetros comportamentais (comportamento sexual masculino e feminino e preferência sexual), fertilidade, parâmetros espermáticos (contagem, motilidade e morfologia espermática), pesos de órgãos reprodutores, dosagem hormonal, quantificação do volume do SDN-POA e histologia de testículo e epidídimo. O tratamento com ibuprofeno não alterou os parâmetros maternos avaliados. A prole masculina apresentou redução na massa corporal e na distância anogenital, bem como, atraso nas idades de descida testicular e separação prepucial. Na vida adulta, os animais apresentaram redução nos níveis séricos de testosterona e no volume do núcleo de célula de Leydig. A exposição ao ibuprofeno não alterou os pesos dos órgãos reprodutores, a contagem espermática, a fertilidade ou o número de células de Sertoli, entretanto causou diminuição no número de espermatozoides normais. Em relação aos parâmetros comportamentais, os animais expostos ao ibuprofeno apresentaram tanto comportamento sexual masculino quanto feminino, contudo não houve alteração em relação ao padrão de preferência sexual. O volume total do SDN-POA não foi alterado. Concluiu-se que o ibuprofeno, nestas condições experimentais, foi capaz de perturbar a programação do eixo hipotálamo-hipófise-gônada, afetou a maturação sexual e as funções reprodutivas masculinas.