Os usos de Qual em Cartas de reclamação: uma análise para além da relativização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Adriana Aparecida da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/213706
Resumo: Esta tese tem como objetivo a análise dos usos não padrão de qual e suas variantes (o/os/a/as/qual/quais, preposicionados ou não) no português brasileiro, especificamente no gênero carta de reclamação. Nossa análise associa esses usos à ocorrência do fenômeno da hipercorreção, buscando, portanto, relacionar aspectos sintáticos e sociolinguísticos. Para além de seu uso canônico, nossos dados revelam dois padrões de uso do qual: (i) qual é usado em estruturas não padrão de relativização, que não se sobrepõem aos usos das relativas copiadoras e cortadoras, que, por sua vez, parecem estar restritas ao uso do pronome que; e (ii) qual é usado não como pronome relativo, mas sim como um elemento que parece exercer uma função coesiva, unindo porções de enunciados sem desempenhar uma função referencial ou fórica. Os casos previstos em (i) correspondem a construções não canônicas que envolvem desvios, tendo em vista as formas canônicas, relacionados à regência e concordância. Nossa hipótese é de que todos esses casos podem ser interpretados como um processo de hipercorreção. Dão suporte às nossas análises trabalhos que versam sobre as estratégias de relativização descritas para o português brasileiro, assim como os trabalhos desenvolvidos dentro da abordagem sociolinguística (LABOV, 2008; TARALLO,1983; BAGNO, 2001; BORTONE, 1989; HORA,2011), aliada à perspectiva funcionalista (DIK, 1997; GIVÓN 1990; CASTILHO 2012, NEVES, 2000). Além disso, remetemo-nos aos pressupostos teóricos referentes aos estudos dos gêneros textuais ((BAKHTIN, 1992[1979]; MARCUSCHI, 2005, 2008) a fim de oferecer mais embasamento na análise dos dados extraídos do córpus, que é constituído de 600 cartas de reclamação extraídas do site Reclame Aqui, das quais 120 trazem ocorrências de usos não padrão de qual. Buscando refinar nossos critérios de análise, investimos na observação de fatores linguísticos e extralinguísticos relacionados ao fenômeno estudado. Os resultados apresentados advêm de uma análise qualitativa e quantitativa, que visam a descrever as propriedades desses usos não padrão de qual.