As Relativas Restritivas em Cartas e Jornais Pernambucanos dos Séculos XIX e XX : uma análise das estratégias de relativização sob o viés da Sociolinguística Histórica
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/56076 |
Resumo: | Em seus estudos diacrônicos sobre as relativas do Português Brasileiro (PB), Tarallo (1983, 1985) afirma que na virada do século XIX para o XX, no português, coexistiam apenas duas estratégias de relativização, estas denominadas de estratégia padrão e estratégia resumptiva (ou estratégia do pronome lembrete). No que diz respeito à estratégia inovadora, denominada de cortadora, surge-se no PB, em meados do século XX. Dessa maneira, esta tese tem por objetivo investigar o comportamento das estratégias das orações relativas restritivas no PB, ao longo dos séculos XIX e XX, em cartas e jornais de pernambucanos, observando as ocorrências das estratégias de relativização nos seus distintos contextos sintáticos, considerando também a natureza dos gêneros textuais escolhidos. Além dos diacrônicos estudos de Tarallo (1983, 1985) sobre as relativas, consideramos os de Ribeiro e Figueiredo (2009), Mascarenhas (2016), dentre outros, em que estes especificamente realizam importantes contribuições e mapeamento das relativas em textos históricos do passado em outras regiões brasileiras, a fim de compreender, descrever e mapear o uso das estratégias de relativização em textos que apresentam, em sua composição, traços de oralidade do falar pernambucano. Esta pesquisa, portanto, insere-se na perspectiva stricto sensu da Linguística Histórica, a denominada Linguística Sócio-Histórica (MATTOS & SILVA, 2008) em interface com a Sociolinguística (LABOV, 1972), a fim de observar o comportamento das três estratégias de relativização encontradas nos dados linguísticos de 66 cartas pessoais, distribuídas em cartas de amor, amigo e família; e 77 jornais de pernambucanos, isto é, totalizando em 143 manuscritos e impressos dos séculos XIX e XX, nestes últimos mais especificamente selecionamos investigar os gêneros editorial, carta do leitor, anúncio pernambucanos, tendo em vista que cada gênero textual tem, na sua estrutura composicional, modos tradicionais de dizer, e cada um corresponde à escrita de uma determinada época da sociedade, servindo de testemunhos do passado por abarcarem elementos linguístico- discursivos e traços que os aproximam de uma comunicação face a face (KOCH; OESTERREICHER, 1996; KABATEK, 2006). Com isso, obtivemos os seguintes principais resultados: I. maior ocorrência de relativa padrão tanto em contextos preposicionados como não-preposicionados, sobretudo no século XIX em cartas e jornais; II. aparecimento da resumptiva no século XX nas cartas pessoais, principalmente nas cartas de amor; III. como observado nos resultados dos estudos de Mascarenhas (2016), Ribeiro e Figueiredo (2009) e Caneiro et. al. (2022), que investigam cartas pessoais de inábeis, percebemos que as estratégias de relativização em cartas e jornais pernambucanos obedecem às regras de Hierarquia de Acessibilidade (HA), tendo por posições mais sensíveis às estratégias de relativização SU > OD > OI > OBL > GEN > Objeto de Comparação, conforme defendem Keenan e Comrie, (1977), acrescentando-se, como as autoras, os Adjuntos (ADJ); IV. o frequente uso da piedpiping vai decaindo ao longo do tempo, ao passo que a cortadora vai aparecendo em meados do século XX; V. uso de estratégias resumptivas na posição de sujeito nas cartas de amor do século XX; VI. O uso dos marcadores relativos que e em que são maioria quase categórica nas relativas; por fim, VII. Como tem demonstrado os estudos de Alexandre (2000) sobre as relativas no Português Europeu (PE), de modo geral, os dados das relativas em manuscritos e impressos pernambucanos dos séculos XIX e XX corroboram com as evidências de que tanto falantes escolarizados quanto não-escolarizados tem utilizado com maior frequência a estratégia resumptiva e, igualmente, tem aumentado a frequência de uso das relativas cortadoras. Esta tese, portanto, pretende trazer contribuições acerca da descrição do uso em variação das estratégias de relativização no século XIX e XX, em que pode-se apresentar uma possível mudança em curso no PB. |