O inconsciente é a política: contribuições do Dispositivo Intercessor para o saber-fazer da Terapia Ocupacional Psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Shimoguiri, Ana Flávia Dias Tanaka
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202764
Resumo: O objetivo desta tese foi discutir as práticas em Saúde Mental à luz do Paradigma Psicossocial (PPS) postulado por Costa-Rosa. A partir da práxis clínica e institucional em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), se buscou fundamentar uma modalidade de terapia ocupacional na qual as possibilidades de tratamento para o sofrimento psíquico foram pensadas a partir de duas perspectivas: 1) da realidade social capitalista – que produz os determinantes socioeconômicos-culturais do adoecimento; e 2) da realidade psíquica – que produz o inconsciente e seus efeitos em cada estrutura clínica (recalcamento, renegação ou foraclusão). Esta reflexão teve a Saúde Mental como campo de trabalho e pesquisa. Partindo do PPS, o Dispositivo Intercessor (DI) tem sido desenvolvido com o objetivo de articular teoria e técnica, saber-fazer, tanto no âmbito dos CAPS quanto no âmbito da Universidade, visando construir terapêuticas fora da lógica da normalização e uma ciência fora da lógica disciplinar. O DI agrega saberes da psicanálise freudolacaniana e do Materialismo Histórico, passando pela Análise Institucional francesa e pela Filosofia da Diferença, é, necessariamente, um referencial transdisciplinar. As reflexões e problematizações trazidas nos ensaios pretenderam demonstrar que (re)inventar a terapia ocupacional (TO) é tão possível quanto eticamente necessário, assim, apresentamos a Terapia Ocupacional Psicossocial como uma ampliação da clínica, em direção ao sujeito cidadão e ao sujeito do inconsciente, de modo que as dimensões subjetiva e social tornam-se indissociáveis. O referente de ação da TO Psicossocial é o sujeito entre homens e entre significantes e seu principal meio de trabalho é o fazer atividades. O trabalho artesanal é considerado por Marx como a atividade vital do processo de humanização, em que ao fazer a pessoa faz a si mesmo, e é considerado pela psicanálise como uma tentativa de suplência, de estabilização, uma resposta singular aos impasses de subjetivação. O aspecto simbólico-criativo das atividades artísticas se desdobra em outras possibilidades do sujeito estar no laço social, outras formas de linguagem, outros significantes. Acreditamos que, somente por intermédio da ampliação da clínica será possível superar as terapêuticas ocupacionais do Paradigma Psiquiátrico Medicalocêntrico Hospitalizador, e, somente por intermédio da transdisciplinaridade e da complementaridade dos saberes, será possível fazer avançar a Saúde Coletiva e a Atenção Psicossocial.