Molecular detection and genetic diversity of arthropod and trematode-borne agents in non-hematophagous bats from midwestern Brazil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ikeda, Priscila [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214766
Resumo: Estima-se que 75% das doenças emergentes compreendam zoonoses, cuja maioria tem como fontes de infecção animais selvagens; destas, cerca de 22,8% são veiculadas por vetores artrópodes. Desta forma, monitorar a presença de patógenos em animais selvagens em nichos compartilhados com seres humanos se torna um importante método preventivo de infecções zoonóticas. As famílias Bartonellaceae e Anaplasmataceae englobam Alphaproteobactérias Gram-negativas, intracelulares facultativas e obrigatórias, respectivamente, que vêm sendo identificadas em uma ampla variedade de mamíferos, incluindo seres humanos. Já os micoplasmas hemotróficos são bactérias Gram-negativas sem parede celular, de localização epieritrocitária, que podem causar desde infecções assintomáticas até anemia hemolítica severa, tanto em animais como em humanos. Coxiella burnetii é o principal representante da família Coxiellaceae (Gammaproteobactérias) e é conhecida por causar a Febre Q em humanos. Apesar de ser transmitido por aerossóis, esse agente vem sendo detectado em diversos ectoparasitos que talvez possam atuar em seu ciclo de vida. Já os piroplasmas são protozoários da ordem Piroplasmida e causam principalmente anemia hemolítica em animais de produção, domésticos e, eventualmente, em seres humanos. Embora esses agentes supracitados vêm sendo cada vez mais estudados em quirópteros, ainda pouco se sabe a respeito de sua ocorrência e diversidade genética em morcegos no Brasil. Os principais ectoparasitos encontrados nesses animais são representados por moscas das famílias Streblidae e Nycteribiidae, carrapatos, e ácaros das famílias Spinturnicidae e Macronyssidae. Considerando os patógenos de interesse em Saúde Pública supracitados e a expressiva representatividade de animais da ordem Chiroptera no Brasil, objetivou-se obter informações sobre a ocorrência e diversidade genética de agentes Anaplasmataceae, Bartonellaceae, Mycoplasmataceae, Coxiellaceae e protozoários da ordem Piroplasmida em quirópteros e seus respectivos ectoparasitos coletados em área periurbana da cidade de Campo Grande, estado do Mato Grosso do Sul, no centro-oeste brasileiro. Um total de 418 amostras (135 amostras de baço, 133 de sangue e 150 ectoparasitos) foram coletados de 135 animais das famílias Phyllostomidae, Vespertillionidae e Mollossidae. Por meio de técnicas moleculares verificou-se positividade de 18,13% (34/418) para Bartonella spp. dentre todas as amostras coletadas. Dessas, 17 amostras foram clonadas para o gene gltA a fim de obter 3 clones de cada uma para acessar a diversidade genotípica dentro da mesma amostra biológica. Com os 51 gltA-clones obtidos foi possível observar 13 genótipos diferentes, sendo que pelo menos dois ocorreram dentro de uma mesma amostra. Análises filogenéticas baseadas nos genes ftsZ, rpoB e nuoG confirmaram a alta diversidade de genótipos de Bartonella spp. em quirópteros e seus ectoparasitos. Para agentes Anaplasmataceae, foi observada positividade de 1,67% (7/418), 11,96% (50/418) e 13,63% (57/418) das amostras testadas para Anaplasma spp. (16S rRNA), Ehrlichia spp. (dsb) e Neorickettsia spp. (16S rRNA), respectivamente. As sequências obtidas mostraram-se similares a Anaplasma phagocytophilum, Ehrlichia minasensis, Neorickettsia risticii, e Neorickettsia findlayensis por análise pelo nBLAST, e filogeneticamente relacionado a Ehrlichia ruminantium baseado no gene gltA. Trata-se da primeira evidência molecular de agentes Anaplasmataceae em quirópteros e ectoparasitos associados no Brasil. Já para hemoplasmas, positividade de 13,6% (57/418) foi observada. Dentre as 24 sequências obtidas pelo gene 16S rRNA foi possível encontrar 12 genótipos diferentes que se distribuíram pelo macroclado do “grupo haemofelis”. As duas sequências 23S rRNA obtidas se posicionaram próximas a “Candidatus Mycoplasma haematohydrochaerus”, M. haemofelis e M. haemocanis. Todas as amostras de sangue e baço dos morcegos amostrados mostraram-se negativas na qPCR para C. burnetii baseada no gene IS1111. Para piroplasmídeos, 17 dos 135 (12,6%) morcegos amostrados mostraram-se positivos para agentes da ordem Piroplasmida (gene 18S rRNA). Trata-se do primeiro relato molecular de piroplasmídeos em quirópteros no Brasil. A análise filogenética mostrou a possível ocorrência de duas novas espécies: Piroplasmid n. sp. Artibeus spp., posicionado filogeneticamente próximo a Babesia canis e B. vogeli, e Piroplasmid n. sp. P. discolor, que formou um clado monofilético. Infelizmente, as amostras de ectoparasitos não puderam ser utilizadas na detecção de piroplasmídeos e C. burnetii. Enquanto moscas Streblidae mostraram positividade nos ensaios moleculares para Bartonella spp. (11/64), Ehrlichia spp. (7/64) e Mycoplasma spp. (1/64), carrapatos Ornithodoros hasei mostraram-se positivos para Ehrlichia spp. (3/19), Anaplasma spp. (1/19) e Neorickettsia spp. (1/19); por fim, ácaros Spinturniciidae e Macronyssidae apresentaram positividade para Bartonella spp. (4/21 Macronyssidae) e Ehrlichia spp. (18/21 Macronyssidae e 6/46 Spinturnicidae). Ainda, co-positividade para os diversos agentes pesquisados foi observada no presente estudo. Como conclusão, morcegos não-hematófagos de área periurbana do centro-oeste brasileiro atuam como hospedeiros para diversos genótipos de Bartonella spp. e hemoplasmas, para Ehrlichia spp. filogeneticamente associadas a E. ruminantium e para duas possíveis novas espécies de piroplasmídeos.