Valentes contra o bullying: a implantação das Equipes de Ajuda, uma experiência brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lapa, Luciana Zobel [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181907
Resumo: Uma das características do bullying é o fato de ele ocorrer entre pares que se dividem entre autores, alvos e espectadores das intimidações sucessivas que muitas vezes ocorrem na escola. É sabido também que, quando intimidados, os alvos procuram seus colegas para dividir o que sentem e buscar ajuda. Considerando as duas colocações anteriores, este estudo volta sua atenção para os Sistemas de Apoio entre Iguais (SAIs) que têm sido considerados como uma forma eficaz de melhorar a convivência escolar, ou ainda, em casos mais específicos, de combater as uma das formas de intimidação entre pares, o bullying. O que esses programas têm em comum é o fato de não estarem centrados na atuação direta dos adultos (gestores, professores), mas valerem-se do protagonismo juvenil, isto é, do aluno como responsável por determinadas ações entre os demais (alunos como ele) com o objetivo de promover uma convivência favorável entre todos. Os professores, por sua vez, assumem o papel de formadores, acompanhadores e tutores. O Sistema de Apoio entre Iguais adotado no Brasil é baseado no modelo espanhol, denominado Equipes de Ajuda, e se encontra em seu quarto ano de implantação. Tal sistema corresponde a grupos de referência em que adolescentes e jovens, trabalhando de forma colaborativa e fortalecidos por uma formação em conteúdos de assertividade como ajuda, comunicação e valores, podem atuar junto a outros colegas que passam por problemas. Um dos objetivos desta dissertação foi comparar a incidência das intimidações que ocorrem em escolas em que há Equipes de Ajuda com aquelas onde não há. Além disso, nas escolas em que há Equipes de Ajuda, pretendeu-se verificar se havia diferença na incidência das intimidações após um ano e após dois anos da implantação deste sistema de apoio. O quarto objetivo consistiu em verificar a percepção dos alunos das Equipes de Ajuda sobre a ajuda que prestam e seu resultados. Constituiu-se em uma pesquisa quali e quantitativa, de campo de caráter exploratório e descritivo que contou com a participação de alunos de escolas particulares, numa amostra escolhida por conveniência. No total, participaram 2.513 alunos de escolas privadas do estado de São Paulo, sendo que 1.366 alunos pertencem a escolas em que as Equipes de Ajuda foram implantadas e 1.147 alunos pertencem a escolas em que não houve implantação das mesmas. Para verificar a frequência e a presença de situações de bullying entre os alunos utilizou-se um questionário fechado adaptado de Olweus (1994), Avilés Martinez (2002) e Tognetta, Rosário e Avilés (2014). Para verificar as mudanças percebidas pelos alunos das Equipes de Ajuda a partir da ajuda que prestam, ao passarem pela formação e pelas situações de ajuda, usou-se depoimentos dos participantes deste tipo de SAI, coletados em diferentes momentos durante o processo de implantação. Os resultados encontrados, corroboram o que as pesquisas internacionais já apontavam: a presença das Equipes de Ajuda interfere na frequência das intimidações que acontecem na escola no sentido de aumentar a conscientização a respeito das ações que se constituem em intimidações ao longo do tempo. Quando comparadas as escolas com e sem SAI, os dados apontam a menor frequência de situações de intimidação nas escolas em que o trabalho foi implantado. Analisou-se também a interferência das Equipes de Ajuda, na frequência das intimidações, nas escolas em que foram implantadas, um e dois anos após o início do projeto. Constatou-se que um ano após a atuação dos SAI nas escolas, as intimidações aumentaram. Atribuímos a este fato a tomada de consciência de todos os envolvidos sobre o significado das intimidações. No segundo ano de implantação, a incidência das intimidações diminui em relação ao ano anterior. Quanto aos depoimentos, esses foram classificados em sete categorias considerando-se o conteúdo que apresentavam: ganhos na percepção de si mesmos, a importância dos pares, o efeito da ajuda, a percepção daqueles que não são membros das Equipes de Ajuda, características de quem ajuda, o valor de quem ajuda e funções das Equipes de Ajuda. Os resultados qualitativos indicam que fazer parte da Equipe de Ajuda contribui para formação do indivíduo que exerce a ajuda, tornando-o mais atento a si mesmo e ao outro, empático, capaz de reconhecer os seus sentimentos e os dos outros, tolerante e respeitoso. Além disso, na percepção dos estudantes integrantes desse SAI, interfere positivamente no clima relacional da escola, tornando o ambiente menos hostil, onde os conflitos passam a ser resolvidos através do diálogo e compreendidos como possibilidade de aprendizado.