O personagem-narrador e seu lugar de reflexão em Cemitério dos vivos (1956), de Lima Barreto e Recordações da casa dos mortos (1862), de Fiódor Dostoiévski

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Costa, Fabiano da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192848
Resumo: A tese que se pretende defender, na comparação entre as obras (Cemitério dos vivos (1956), de Lima Barreto e Recordações da casa dos mortos (1862), de Fiódor Dostoievski, é a de que os diferentes lugares de onde narram os narradores protagonistas têm idêntica função procedimental: são lugares onde vozes dissonantes e contraditórias têm liberdade de se expressar apesar da repressão; a liberdade acaba sendo a característica fundamental e basilar nesses ambientes, a saber: o hospício e a prisão. Considera-se que, neste contexto, “cemitério dos vivos” e “casa dos mortos” são expressões sinonímicas: representam, ambos, o lugar onde os indesejados são postos para que fiquem separados e esquecidos do restante da sociedade. Entretanto, nestes locais, os narradores encontram espaço para expressar suas opiniões, tornando-se vozes discordantes e fazendo de seus claustros, lugares de existência do contraditório. Em Cemitério dos vivos prevalece a angústia, a culpa, a dor, o sofrimento, decorrentes da introspecção do protagonista Vicente Mascarenhas. É de grande pertinência a comparação entre ambas pois, pelo título, já demonstram interessante diálogo: quem são estas pessoas que habitam a “casa dos mortos” e o “cemitério dos vivos”? Por que estão mortas em vida? Trata-se da morte pelo ostracismo, silêncio como punição para os diferentes e os contraditórios. A busca pela homogeneidade pede lugares como estes. Importante estar atento para estes protagonistas narrando o horror do “inenarrável”, a partir de um lugar onde o silencio deveria ser a regra de ouro para seus hóspedes: no local onde a liberdade deveria ser apenas uma vaga lembrança, eles conseguem o feito de serem vozes dissonantes da sociedade.