Sereia do asfalto, rainha do luar: configurações da personagem travesti no romance contemporâneo brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Soares, Luiz Henrique Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191767
Resumo: Esta pesquisa analisa as construções literárias de personagens travestis em três romances contemporâneos brasileiros, a saber: A inevitável história de Letícia Diniz (2006), de Marcelo Pedreira, Elvis e Madona: uma novela lilás (2010), de Luiz Biajoni, e As fantasias eletivas (2014), de Carlos Henrique Schroeder. A partir de reflexões sustentadas na analítica queer e nos estudos de gênero, o objetivo é perceber possíveis convencionalismos na elaboração discursiva dessas personagens, historicamente marcadas por subalternidade e abjeção. Tais abordagens auxiliam na concepção das travestilidades, alicerçadas em Fernández (2003, 2004), Benedetti (2005), Pelúcio (2009), Lanz (2015) e Vartabedian (2018). A pesquisa tem, ainda, como aporte teórico, os postulados de Butler (1993, 2003, 2004), Preciado (2014) e Foucault (1996, 1997, 2018), acerca das noções de gênero, corpo, performatividade e abjeção; Candido (2005) e Fernandes (2016) sobre a personagem ficcional; Hall (2006) sobre o “sujeito fragmentado”; além de teorias literárias contemporâneas, a partir de Dalcastagnè (2012) e Santos e Oliveira (2010). Das análises divididas em torno das descrições dos corpos e enunciadas por narradores em terceira pessoa e pela(s) voz(es) assumida(s) nos textos, pode-se afirmar que as narrativas são construídas na ambiguidade (no corpo das personagens e no corpo dos textos) e na contradição. As personagens travestis, em suas performatividades de gênero, questionam a essencialidade das identidades fixas e demonstram o desejo de inteligibilidade social, mesmo que atrelado ao modelo heteronormativo. Ao mesmo tempo, elas ainda permanecem como o “outro” nos discursos – o “outro” sexualizado, objetificado e sem voz, demonstrando certo “limite de perspectiva” também articulado politicamente nas narrativas. No corpus elencado, apesar das particularidades de cada obra, a ordem heterocentrada – perceptível na reprodução de temas seculares como a morte trágica e a impossibilidade enunciativa, peças na construção do estigma travesti – coexiste com as estratégias específicas e pontuais de resistência e deslocamento dos discursos binários e cisheteronormativos presentes nos textos.