Ser travesti: significados atribuídos por um grupo de travestis da cidade de Manaus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Duque, Andrews do Nascimento
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/4123235704266232
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4813
Resumo: Este estudo investigou os significados da travestilidade a partir de um grupo de travestis da cidade de Manaus, partindo da perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural proposta por Vygotsky. A partir desta abordagem, aponta-se que esta investigação foi atravessada pelas dimensões sociais, históricas e culturais em seus processos de apreensão dos significados presentes no contexto. Teve como objetivo geral compreender os significados da travestilidade para um grupo de travestis da cidade de Manaus. Os objetivos específicos, apontar quais as construções conceituais acerca dos modos de vida das travestis que vivem no contexto sociocultural estudado, conhecer quais são as principais dificuldades nas trajetórias de desenvolvimento das travestis, investigar quais os significados atribuídos a travestilidade pelas respondentes e identificar os âmbitos de sociabilidade onde as travestis participam. Como metodologia escolheu-se a pesquisa qualitativa, utilizando-se a entrevista semiestruturada, os dados coletados foram transcritos e então submetidos à análise dos núcleos de significação. Os resultados a partir das falas das travestis indicam que elas são atravessadas por concepções presentes na cultura ocidental, emergindo alguns núcleos, tais como: a cultura local, a força do biológico, a feminilidade hegemônica e a relação com as instituições sociais. As dificuldades envolvem vários âmbitos: relacionamentos interpessoais, escolarização, trabalho e acesso ao banheiro. Como significados da travestilidade apareceu um núcleo, travesti como a expressão da fluidez e estereótipos de gênero, fazendo referência a travesti por meio de adjetivos, como sinônimo de ser mulher, ser em metamorfose versus um ser estereotipado, travesti boa e má, como desdobramentos da heteronormatividade. Nos âmbitos de sociabilidade temos um núcleo: lugar de travesti é no mundo: dialética da exclusão/inclusão. Os resultados deste estudo nos permitem refletir criticamente sobre os significados referentes a ser travesti na cidade de Manaus, indicando que o contexto sociocultural da cidade de Manaus participa dialeticamente na forma como elas significam “ser travesti” neste contexto, suas dificuldades e quais seus âmbitos de sociabilidade. Desejamos, a partir dos achados deste estudo, que seus modos de vida possam ser pensados e re-significados, na medida em que colaboraram na compreensão de que suas estratégias para continuar seu processo de desenvolvimento enquanto travestis, as dificuldades em seu desenvolvimento, bem como quais são aqueles lugares onde sua participação ainda é negada, podendo ser indicadores de barreiras que precisam do fomento de políticas públicas, participação dos movimentos sociais e academia na construção de uma sociedade mais igualitária. Os achados deste estudo indicam que as significações existentes em nível coletivo sobre a travesti, acabam refletindo nas elaborações subjetivas que elas elaboram sobre suas vivências. É possível inferir que existe um poder no meio social que postulam formas naturalizadas de desenvolvimento e existência, atrelados a uma visão prioritariamente biológica. Essas concepções encontram-se representados nos meios de comunicação, os quais legitimam determinadas verdades, influenciando os processos de apreensão de significados sobre o que é ser travesti. Constroem-se assim compreensões fragmentadas, reforçando o que podemos chamar de “dialética da exclusão”.