Prevalência de infecções sexualmente transmissíveis e de alterações da microbiota vaginal e fatores associados em mulheres que fazem sexo com mulheres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ignacio, Mariana Alice de Oliveira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138084
Resumo: Apenas em 2011 com a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) foram propostos mecanismos de gestão para atingir maior equidade no Sistema Único de Saúde (SUS), com especial atenção às demandas e necessidades em saúde da população LGBT e, assim, das mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM) brasileiras. A literatura nacional e internacional é escassa no que se refere às prevalências e fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis (IST) e aids entre estas, o que justifica a presente investigação. Esta tem por objetivos traçar o perfil sociodemográfico, comportamental e clínico de MSM, estimar a prevalência de IST, de alterações da microbiota vaginal, de lesões precursoras do câncer de colo do útero e identificar fatores associados à vaginose bacteriana (VB), IST e papiloma vírus humanos (HPV). Trata-se de estudo transversal e analítico, que integra estudo mais amplo sobre acesso a serviços de saúde e saúde sexual e reprodutiva de MSM. Foi desenvolvido com amostra intencional de 100 MSM, provenientes do município de Botucatu/SP e microrregião que atenderam ao chamado para participação da pesquisa por meio de redes de sociabilidade, meios de comunicação de massa, serviços de saúde e convite de participantes às pessoas de seu convívio, no período de janeiro a novembro de 2015. As variáveis independentes estudadas foram sociodemográficas, consumo de substâncias, comportamento e práticas sexuais, antecedentes clínico-ginecológicos, queixas e exame ginecológico e as variáveis de desfecho foram ter IST, HPV e VB. Os dados foram obtidos pelas pesquisadoras envolvidas no estudo mãe, por meio de entrevista, exame ginecológico e coleta de sangue periférico para diagnósticos da Infecção pelo HIV, sífilis e hepatite B. Realizou-se coleta de amostras do conteúdo vaginal para realização do exame microscópico direto corado pelo método de Gram, que permitiu o diagnóstico de alterações da microbiota vaginal e candidose vaginal; coleta de secreção cervical para pesquisa de Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e de papiloma vírus humano (HPV) por reação em cadeia da polimerase e citologia cérvicovaginal convencional, que diagnosticou lesões pré-neoplásicas e Trichomonas vaginalis. Para análise dos dados empregou-se estatística descritiva e as associações foram verificadas por regressão logística múltipla. Foram ajustados modelos de regressão logística para conhecer as variáveis que mais influenciaram no aparecimento das afecções do trato genital inferior. Predominaram as MSM que se encontravam na faixa etária de 20 a 49 anos (79,0%), brancas (74,0%), não casadas ou sem união estável (60,0%), com mais de 8 anos de estudo (93,0%), inseridas no mercado de trabalho (75,0%), que tinham histórico de relação sexual com homens na vida (66,6%), que não utilizavam regularmente proteção nas relações sexuais (85,8) e praticavam sexo após consumo de álcool(63,0%). A prevalência total de IST foi de 35,0%, sendo a infecção pelo HPV a mais prevalente (32,6%), com genótipos mais frequentes 56 e 84, seguida pela cervicite clamidiana (3,3%), infecção pelo HIV (2,0%), T. vaginalis(1,1%) e Sífilis (1,0%). Não foram encontrados casos de N. gonorrhoeae e Hepatite B. Quase a metade das mulheres incluídas no estudo (47,5%) apresentou alterações na microbiota vaginal, sendo mais prevalente a VB (36,2%), seguida da flora II (8,5%) e candidose vaginal (4,2%). A prevalência encontrada de lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau (LSIL) foi de 2,3%. Os fatores associados às IST foram: não ser casada ou sem união estável [OR=3,76(IC:95%: 1,14–12,43); p=0,030], uso de acessórios [OR=3,87(IC:95%: 1,14–13,16); p=0,030] e número de homens com quem se relacionou sexualmente no último ano [OR=7,99 (IC:95%: 1,51–42,44); p=0,015]. Para infecção pelo HPV a única variável independentemente associada foi não ser casada ou não ter união estável [OR=4,84 (IC 95%: 1,49–15,71), p=0,009]. As associações encontradas para o desfecho VB foram whiff test positivo [OR=14,00 (IC 95%: 2,76-71,14), p=0,001] e pH vaginal > 4,5 [OR=9,90(IC 95%:1,57-62,33), p=0,015]. Tomados em conjunto, os dados deste estudo permitem concluir que as MSM participantes tinham elevada vulnerabilidade às IST/aids, confirmada pelas elevadas prevalências de algumas infecções e alterações da microbiota vaginal. Sugere a necessidade de assistência à saúde dessas mulheres de maneira individualizada, voltada para saúde sexual e reprodutiva, pautada em ações preventivas e educativas, com vistas ao seu cuidado integral. Neste sentido, com base nos resultados obtidos foi elaborado E-book educativo, em forma de história em quadrinhos, contendo informações sobre IST, formas de prevenção específicas para MSM, cuidados com a higiene íntima, importância de realizarem exames ginecológicos de rotina, que permitem diagnóstico e tratamento precoce de IST e direitos sexuais e reprodutivos. Este pode ser acessado no link: http://www.hcfmb.unesp.br/pesquisas/informacoespaciente/.