Estudos comportamentais e mecanismos de contaminação em colônias da formiga cortadeira Atta sexdens (Hymenoptera, Formicidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Catalani, Gabriela Christal [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202633
Resumo: As formigas cortadeiras cortam e transportam para o ninho uma grande quantidade de plantas que são incorporadas ao fungo simbionte, do qual se alimentam. Para evitar a contaminação da colônia, esse material vegetal passa por um processo de assepsia e o mesmo ocorre quando carregam as iscas formicidas; porém, ainda se questiona como ocorre a contaminação, se pelo contato direto das operárias durante o processamento do substrato, ou por “allogrooming” e “self-grooming”, ou ainda por trofalaxia. Deste modo, o objetivo foi estudar os mecanismos de contaminação com operárias de formiga cortadeira, Atta sexdens, por meio de estudos comportamentais, buscando esclarecer como ocorre a dispersão e a contaminação com diferentes ingredientes ativos na colônia, e elucidar se a contaminação das operárias pode ocorrer via trofalaxia oral. Assim, foram analisados e registrados os atos e frequências comportamentais realizados pelas operárias durante o processamento dos pellets utilizando um corante traçador lipossolúvel, e registrando a quantidade de operárias coradas, após o cultivo do fungo. O comportamento mais frequente foi o “allogrooming”, que correspondeu a 45,87% do processo de contaminação das operárias, seguido de segurar, lamber e repicar os pellets, que responderam a 40,22% do processo. Após o processamento dos pellets, as operárias apresentaram as estruturas morfológicas externas e internas marcadas pelo corante traçador, 93,75% e 79,25%, respectivamente. Os resultados confirmaram que os comportamentos realizados durante o cultivo do fungo contribuem para a dispersão de substâncias, como os inseticidas, causando a contaminação das operárias. Adicionalmente, verificou-se como os fragmentos das iscas são dispersados e se o modo de ação do ingrediente ativo, que bloqueia os canais de sódio e interrompe a produção de ATP na mitocôndria, interfere na distribuição dos fragmentos no interior do ninho. Para isso, avaliou a dispersão dos fragmentos de pellets durante o cultivo do fungo pelas operárias, referenciando espacialmente o fragmento no jardim do fungo. Os fragmentos de pellets foram distribuídos aleatoriamente, mas a quantidade dos fragmentos foi influenciada pelo modo que o ingrediente ativo atua na colônia. E por fim, se o comportamento de forrageamento líquido está relacionado às taxas de trofalaxia em formigas cortadeiras. Para estudar se a ocorrência de trofalaxia está relacionada com a ingestão de substâncias líquidas, avaliou se há forrageamento líquido e troca de alimento líquido em colônias de laboratório de formigas cortadeiras. Os resultados revelaram que as forrageiras comumente ingerem líquido quando fornecido com uma fonte líquida. Dentro do ninho, as operárias forrageiras realizaram diversos comportamentos, mas nenhuma troca alimentar (trofalaxia oral) ocorreu durante todo o período de oito horas em que as operárias foram observadas. Nas condições experimentais, o forrageamento líquido não teve relação com a trofalaxia oral entre operárias dentro do ninho. Assim, a coleta de líquidos atende às necessidades individuais das operárias e não se destina à trofalaxia entre elas, uma vez que esse comportamento é para alimentar a colônia, dependendo principalmente do hábito alimentar e do papo desenvolvido para transportar alimento líquido. Portanto, o presente estudo concluiu que a contaminação das operárias pelos ingredientes ativos presentes nas iscas formicidas ocorre pelo processamento das iscas para incorporação no jardim de fungo, bem como o contato indireto (“allogrooming” e “self-grooming”). O modo de ação dos ingredientes ativos, sulfluramida e indoxarcarbe, influencia a quantidade de fragmentos incorporados no jardim de fungo. E o forrageamento líquido realizado pelas operárias não implica na ocorrência de trofalaxia oral.