Imitatio/aemulatio: a tradição menipeica no Decameron, de Boccaccio.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Binatto, Marcela Zupa da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180899
Resumo: Na obra O asno de ouro, de Apuleio, Lúcio, o narrador-personagem, transforma-se em asno ao ingerir um unguento mágico que deveria transformá-lo em ave. A condição de asno permite a Lúcio, no invólucro de uma metamorfose, observar os segredos da vida cotidiana de um ponto de vista inusitado na literatura, tendo em vista que em sua presença ninguém hesita em revelar os seus segredos mais íntimos, funcionando a máscara de asno como uma forma de tornar públicos os aspectos da vida privada. A transformação de Lúcio em asno/máscara configura-se uma espécie de arquétipo dos personagens que mais tarde o romance elegerá como um “terceiro” em relação à vida cotidiana, o que lhe permite olhar e escutar às ocultas, como bem observou Bakhtin (2010) ao analisar as funções do trapaceiro, do bufão e do bobo no romance. Considerando-se Boccaccio leitor e emulador de Apuleio e Petrônio, partiremos desse pressuposto para empreendermos um estudo dos vários desdobramentos da máscara menipeica no Decameron. Nossa proposta baseia-se no fato de Boccaccio se utilizar, na maioria de suas novelas, de tipos ou máscaras sociais, na sua maioria padres, freiras, mercadores e representantes de todas as categorias sociais que, ao vestirem suas máscaras, “refratam”, no plano da interdiscursividade, a intenção do autor de desmascarar a hipocrisia reinante no âmbito da cultura oficial, eclesiástica e burguês-mercantil, elaborando uma nova visão do mundo, do homem e do seu destino no alvorecer do Renascimento. Com base nessa questão, pretendemos realizar uma leitura do Decameron como imitação/emulação produto do diálogo que estabelece, no plano da intertextualidade, com o “romance de aventuras e de costumes”, cujos representantes são O asno de ouro, de Apuleio, e Satíricon, de Petrônio.