Ansiedade, depressão, estresse e coping religioso em profissionais de enfermagem durante a pandemia do coronavírus.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gomes, Julio Cesar Aparecido
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253189
Resumo: Introdução: a pandemia do novo coronavírus trouxe inúmeros aspectos contribuintes para um ambiente insalubre e propenso ao desenvolvimento de distúrbios mentais, tais como a ansiedade, a depressão e o estresse, principalmente entre os profissionais de enfermagem atuantes no enfrentamento da COVID-19. Compreender a dimensão deste fenômeno e detectar os níveis de estresse, ansiedade e depressão nos trabalhadores de saúde representa estratégia fundamental para o direcionamento de políticas públicas e assistenciais voltadas a essa população. Objetivo: analisar os níveis dos sintomas de ansiedade, depressão, estresse e o coping religioso em profissionais de enfermagem atuantes em UTI adulto/COVID-19, e especificamente, identificar as variáveis clínicas e sociodemográficas e comparar a associação da ansiedade, depressão e estresse com as estratégias de enfrentamento religioso e espiritual dos participantes, e em relação a outros grupos de trabalhadores em geral. Métodos: estudo exploratório, transversal, comparativo e com abordagem quantitativa realizado em dois hospitais públicos no município de Bauru e Botucatu, São Paulo, Brasil, com coleta de dados realizada no período de 09/10/2021 a 30/06/2022. Para testar as hipóteses do estudo, os participantes foram divididos em dois grupos: grupo dos profissionais da enfermagem, sendo elegíveis os enfermeiros e técnicos de enfermagem atuantes em UTI adulto / COVID-19; e grupo dos profissionais em geral, composto por participantes de áreas diversas e que também não pararam de trabalhar durante o auge da pandemia. A coleta de dados foi viabilizada mediante contato telefônico e posterior envio de formulário eletrônico, contendo um questionário de dados sociodemográficos, o Depression, Anxiety and Stress Scale - Short Form (DASS-21) e a Escala de Coping Religioso-Espiritual (Escala CRE). Os dados foram tabulados e verificados em dupla digitação, todas as variáveis foram analisadas descritivamente; as proporções entre os grupos foram comparadas pelo teste do Qui-quadrado de Pearson e os dados quantitativos e comparação das medianas dos escores de CRE-Breve e do DASS-21 pelo teste de Mann-Whitney. A correlação entre as variáveis foi explorada pelo coeficiente de correlação de Spearman e seus respectivos testes de significância e a variação dos escores CRE breve e do DASS-21 foram avaliadas frente às variáveis clínicas, demográficas e CRE por modelo linear generalizado. As análises foram realizadas no programa IBM SPSS, versão 22. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) (Parecer Consubstanciado Número 4.164.907) e seguiu as diretrizes do Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE). Resultados: Participaram 213 sujeitos, sendo 106 do grupo de profissionais de enfermagem e 107 de profissionais em geral. O percentual geral de aceite foi de 79% e o tempo médio dos respondentes de 16 minutos. A amostra foi caracterizada predominantemente por profissionais mulheres, com idade média de 36 anos, casadas, com filhos, de religião não católica. Trabalharam em média 42 horas semanais nos turnos matutino e noturno, com ganhos em torno de três salários mínimos. Os profissionais de enfermagem apresentaram medianas para depressão (5,0:2,0-9,0; p=0.002), ansiedade (5,0:1,75-9,0; p=0.000) e estresse (8,0:4,0-12,25; p=0.004) superiores aos dos integrantes do grupo de profissionais em geral, bem como em relação ao escore geral do DASS-21 (p<0.000). O estresse foi o desfecho mais prevalente em ambos os grupos estudados. Aqueles que se afastaram durante a pandemia tiveram maiores escores de DASS-21 (p=0,006), ao passo que os profissionais em geral tiveram menores níveis de sintomas de ansiedade, depressão e estresse (p=0,007). No que se refere ao CRE-Breve, os participantes do sexo masculino (p=0,014) e aqueles de religião não católica (p=0,047) utilizaram menos coping religioso e espiritual. Conclusão: os níveis dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse dos participantes foram normais, apesar de significativamente menores no grupo B. O afastamento das atividades laborais contribuiu para aumentar estes sintomas nos participantes. A utilização do CRE foi alta e prevaleceu o uso do enfrentamento positivo em ambos os grupos. No entanto, esta foi uma estratégia menos utilizada pelos participantes do sexo masculino e não praticantes da religião católica. Não foi identificada associação entre ansiedade, depressão, estresse e CRE.