Avaliação dos cuidados ao parto normal em maternidades públicas de município da região Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pinto, Keli Regiane Tomeleri da Fonseca
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191003
Resumo: A assistência ao parto ainda é permeada por muitas intervenções sem evidências científicas e de maneira rotineira, tornando o cuidado desumanizado e sem qualidade. Diante desse contexto, o objetivo geral desta pesquisa foi analisar a atenção ao parto normal em maternidades de referência para o atendimento ao parto pelo Sistema Único de Saúde, com foco na humanização do cuidado. Trata-se de estudo misto: descritivo e analítico, com amostra quantitativa composta por 344 puérperas e qualitativa, com 25 puérperas que tiveram parto normal em duas maternidades públicas do município de Londrina-Pr. Constituíram fonte de dados: a observação em visita às maternidades; a análise dos prontuários; as Declarações de Nascidos Vivos; as Declarações de Óbitos maternos e as entrevistas com as puérperas. Os dados quantitativos foram processados no Statistical Package for the Social Sciences®, versão 22.0 e para análise dos fatores associados utilizou-se a regressão multivariada de Poisson, considerando p crítico <5%. A medida de efeito utilizada foi a razão de prevalências. Para organização dos resultados qualitativos utilizou-se o referencial metodológico do Discurso do Sujeito Coletivo, sendo os dados discutidos à luz das boas práticas de atenção ao parto. Os resultados dessa pesquisa são apresentados na forma de três manuscritos científicos. O primeiro teve por objetivo analisar a associação entre cuidado recebido durante o trabalho de parto e parto e a qualidade da assistência. A prevalência da qualidade do cuidado percebida pela puérpera durante o trabalho de parto e parto foi de 84,6%. As variáveis, ter tido parto anterior (p=0,039), ter recebido ocitocina (p=0,004) e realização de pré-natal (p=0,019) estiveram estatisticamente associadas à qualidade da assistência, enquanto que o nascimento em local diferente daquele em que ocorreu o trabalho de parto (p=0,002) mostrou-se associado à qualidade inadequada da assistência. O objetivo do segundo manuscrito foi identificar a prevalência e os fatores associados às intervenções obstétricas em parturientes atendidas em maternidades públicas. A prevalência de intervenção obstétrica foi de 55,5% entre as mulheres participantes do estudo. As intervenções mais frequentes foram o uso de ocitocina (50,0%) e a rotura artificial das membranas (29,7%). As variáveis patologia associada (p=0,005) e mecônio intraparto (p=0,022) apresentaram associação significativa com a intervenção obstétrica. O objetivo do terceiro manuscrito foi apreender as experiências e expectativas das puérperas frente aos cuidados recebidos no parto. Após análise emergiram quatro ideias centrais que foram agrupadas em dois temas: 1) Humanização e satisfação com o momento do parto (IC 1 - Estrutura inadequada, mas atendimento satisfatório; IC 2 - O cuidado humanizado e o apoio da equipe); 2) Descontentamento e sofrimento gerados pela assistência durante o parto (IC 3 - Frustração frente à intervenção realizada; IC 4 - Desrespeito e falta de empatia dos profissionais da saúde). Ao avaliar a atenção ao parto normal nas referidas maternidades, pode-se concluir que a assistência desenvolvida apresenta inadequações, pois permanece um elevado número de intervenções e situações de violência obstétrica. As mulheres que foram orientadas durante o processo de parto/nascimento perceberam uma melhor qualidade da assistência, bem como as que foram apoiadas pela equipe de saúde, não tendo relevância os problemas de estrutura física identificados. Ressalta-se que a assistência pode ser melhorada com atitudes simples, de curto prazo e que não requerem investimentos, mas sim sensibilização dos profissionais e o cumprimento do que é preconizado pelas políticas públicas de atenção ao parto, que é o cuidado humanizado baseado em evidências científicas, o respeito à individualidade e aos direitos das mulheres.