Efeito do Projeto Parto Adequado nas taxas de cesárea, segundo a classificação de Robson

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ferreira, Felipe Sá
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-01092021-185129/
Resumo: Introdução O excesso de cesarianas pode ser considerado um problema de saúde pública, envolvendo não só consequências materno-fetais, mas também gerando maiores custos e onerando o setor público e privado. Intervenções no Brasil têm acontecido há alguns anos para a melhoria da assistência obstétrica, como por exemplo, o Projeto Parto Adequado (PPA), um projeto com vistas à melhoria da qualidade na assistência ao parto e nascimento, que proporcionou apoio institucional, científico e metodológico a hospitais selecionados. Método Trata-se de estudo descritivo, longitudinal retrospectivo baseado na análise de dados de 34 estabelecimentos de saúde das redes pública e privada participantes da primeira fase do Projeto Parto Adequado (PPA), entre os anos de 2014 e 2018, a partir de dados contidos no Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos e Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos segundo Classificação de Risco Epidemiológico (Grupos de Robson), ambos bancos de dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Individualizando cada instituição por ano avaliado com os respectivos números de nascidos e números de cesáreas realizadas, distribuindo-os entre os dez grupos da classificação de Robson, e separadas em instituições públicas e não públicas, foi possível analisar a variação de cada grupo de Robson ao longo dos anos estudados em cada hospital participante desta pesquisa. Foram coletados dados sobre nascimentos e cesáreas de hospitais do Brasil com características semelhantes aos hospitais participantes da fase 1 do PPA, para elaborar comparações entre os dois grupos de hospitais (participantes e não participantes da primeira fase do PPA). Resultados Observou-se, no período estudado, redução da porcentagem de cesarianas de 70,49% para 62,16% nos hospitais públicos e de 81,86% para 73,09% nos hospitais não públicos participantes. Analisando os resultados a partir da classificação de Robson, a redução nos grupos 1, 2, 3 e 4 agrupados foi de 58,31% para 52,83% nos hospitais públicos e de 65,69% para 57,85% nos não públicos. A média da taxa de cesárea dos participantes do projeto diminuiu de 62,14% em 2014 para 55,34% em 2018. Ao avaliar a diferença da taxa de cesáreas entre o início e final do período estudado, tanto dos hospitais selecionados para o projeto quanto dos demais hospitais do Brasil que atendem ao critério de ao menos 500 nascimentos por ano, nota-se que, de modo geral, os indicadores apresentam valores menores para os hospitais selecionados no PPA em relação aos demais hospitais não participantes, tanto nos estabelecimentos públicos quanto não públicos, para a maior parte dos grupos de Robson, indicando que a queda na taxa de cesárias entre 2014 e 2018 foi maior para os hospitais participantes do PPA. Conclusão Políticas públicas bem conduzidas podem mudar o cenário da atenção ao parto e nascimento, promovendo a redução de cesarianas desnecessárias e de desfechos maternos e neonatais negativos. O Projeto Parto Adequado demonstrou potencial em diminuir as cesáreas nos hospitais participantes, com redução mais acentuada destes percentuais quando comparados a outros hospitais brasileiros, de mesmo porte, não participantes do projeto, sendo um exemplo pioneiro de modelo de mudança e intervenção que pode ser aprimorado e replicado no Brasil.