Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Alselmi, André Luiz [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/154262
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Resumo: |
Este trabalho apresenta uma análise da correspondência de Caio Fernando Abreu pelo viés literário, a partir de um conjunto de 77 missivas reunidas na coletânea Cartas, organizada por Italo Moriconi em 2002. A partir do ponto de vista de alguns teóricos do gênero epistolar, como Jelena Jovicic, Marie-Claire Grassi, Brigitte Diaz, Geneviève Haroche-Bouzinac e Vincent Kaufmann, analisa-se, em algumas cartas endereçadas a uma variedade de destinatários – como familiares e amigos, em sua maioria do universo literário – , de que maneira a experiência pessoal e a experiência literária, nas cartas do escritor gaúcho, realizam-se concomitantemente. A fim de se demonstrar de que forma a correspondência do autor constitui uma faceta de sua produção literária, investiga-se, primeiramente, a construção da identidade de escritor a partir do discurso epistolar, considerado não como locus da verdade, mas como um texto ficcional, no qual o epistológrafo lança mão de estratégias capazes de criar uma “verdade simulada”, conferindo maior verossimilhança a seu discurso. Na sequência, com o respaldo das teorias de Mikhail Bakhtin e José Luiz Fiorin, são analisadas as diferentes personae que o escritor constrói a partir das cartas – do filho, do amigo, do escritor, do amante – , determinadas sobretudo pelo destinatário, que faz com que o epistológrafo apresente variações temáticas e formais, assumindo, assim, diferentes máscaras sociais. Após a análise da constituição da identidade do escritor e de seus diferentes éthe discursivos, analisa-se, com base nas ideias de Vincent Kaufmann, de que maneira as correspondências situam-se num terreno fronteiriço, entre o homem e a obra, priorizando, em vez da comunicação, o afastamento, graças ao qual a obra pode acontecer. Empreende-se, na sequência, uma análise voltada para o conteúdo do discurso das cartas, com o objetivo de demonstrar como o texto epistolar possui grande valor na criação dos parâmetros de uma identidade artística, no acompanhamento de uma obra em suas várias etapas, da ideia à recepção pelo público, na constituição de uma rede epistolar que envolve diferentes figuras do universo literário, de escritores a editores, e no exercício de uma crítica literária, paralela à crítica institucionalizada, como ressalta T. S. Eliot em seus ensaios. Em seguida, tendo como ponto de partida a concepção formalista de literatura, com base sobretudo nas ideias de Roland Barthes e de Roman Jakobson, investiga-se, de um lado, de que forma, em suas cartas, o autor distancia-se do discurso corrente, por meio de operações linguísticas, sintáticas e estilísticas, e, de outro, de que maneira incorpora traços de outros gêneros, como a resenha crítica, a crônica e o monólogo. Por fim, demonstra-se como, articulando elementos aparentemente opostos – da conversação cotidiana e da linguagem literária – , o autor cria uma poética do prosaico epistolar. A partir desses aspectos, este trabalho distancia-se da abordagem desenvolvida com base nos textos epistolares do autor até o momento – centrada, sobretudo, em seu valor histórico, biográfico ou paratextual – e, tratando as cartas com autonomia, demonstra o valor literário, tanto em termos conteudísticos quanto formais, desses documentos tão heterogêneos. |