“Verdade inventada” : autoficção nas cartas de Ana Cristina Cesar e Caio Fernando Abreu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fritsch, Israel Augusto Moraes de Castro
Orientador(a): Bittencourt, Rita Lenira de Freitas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202477
Resumo: Segundo os preceitos da autoficção, uma obra classificada como tal deve ser considerada assim pelo autor. Mas é possível que um texto anterior ou alheio à criação do conceito (Doubrovsky, 1997) seja enquadrado com as características da autoficção? Toma-se como exercício o conjunto de cartas de dois autores brasileiros contemporâneos entre si, publicadas em livro: Ana Cristina Cesar, com Correspondência Incompleta, de 1999, e Caio Fernando Abreu, com Cartas, de 2002. Se a autoficção é um meio termo entre o autobiográfico e a ficção, como uma carta pessoal, que é uma escrita íntima, pode ser interpretada nestes quesitos? Para buscar uma resposta, são usados conceitos como o camp, de Susan Sontag, a pose, de Sylvia Molloy, e o biografema, de Roland Barthes, no sentido de mostrar que a sequência de missivas constitui um espaço de criação autoral com “tortuosidades” cuja “sinceridade nos engana”, nas palavras da própria Ana Cristina Cesar, através da predileção pelo artifício (o camp), da representação política (pose) e da fragmentação biográfica (o biografema). Tendo em vista que as cartas são um diálogo entre o remetente e um ou mais destinatários específicos, a reunião destes textos dentro de um conjunto sequencial para um público outro espelha o “romance fragmentado de uma vida” (a expressão é do pesquisador Italo Moriconi). Essa aproximação com o ambíguo (já não é uma comunicação íntima, nem um romance estritamente ficcional) é condição para a existência da autoficção.