O discurso sobre o negro na historiografia e na etnografia do IHGB (1839-1925)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Manhani, Luís Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204908
Resumo: No século XIX brasileiro, o estudo histórico ganha importância, em parte, pelos projetos de construção da nação. Com isso, outras ciências, por vezes denominadas auxiliares, também ocupam espaço relevante nas discussões dos letrados, como é o caso da Etnografia. Interessado nessa questão, o presente trabalho procura investigar de que modo os saberes histórico e etnográfico tomaram o negro como objeto de estudo no Brasil escolhendo como lugar privilegiado de observação o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), fundado em 1838. Percorremos as páginas do principal meio de divulgação dos estudos e das ações do Instituto, a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (RIHGB), editada a partir de 1839, para compreender quais discursos sobre o negro emergiram nessa produção de saberes e como suas formações estiveram vinculadas a uma reflexão sobre a historicidade da nação e a temporalidade destinada ao negro. O início de nosso recorte temporal foi determinado pelo primeiro artigo que menciona o negro, em 1839, no discurso inaugural da instituição, para então acompanharmos de que maneira o Instituto foi delimitando um lugar para o negro em uma relação dinâmica com as formulações próprias aos saberes. Foi possível mapear a produção de três temporalidades, a saber: a presença da ausência negra; a utilização pragmática da heroicização e de mecanismos necropolíticos; também, simultaneamente, o negro-escravo e uma nostalgia imperial marcados pelos impactos de acontecimentos como a Abolição da escravidão e a Proclamação da República. Finalizamos nossa investigação no ano de 1925, data da publicação do último texto que trata do negro na RIHGB antes do lançamento da obra Casa Grande & Senzala (1933), de Gilberto Freyre, a qual se tornou um marco nos estudos sobre o negro no Brasil, e da fundação das universidades de São Paulo e do então Distrito Federal, que possibilitaram, ao longo das décadas de 1930, 1940 e 1950, um deslocamento institucional e epistemológico, ainda que lento, dos estudos históricos.