Mariposas Vermelhas: a comunicação popular e a territorialização das comunas na Venezuela

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ferreira, Leonardo Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243245
Resumo: Em agosto de 2008 cheguei pela primeira vez à Venezuela, a convite do Serviço Autônomo de Propriedade Intelectual (SAPI) para cursar uma especialização em Gestão da Propriedade Intelectual, em parceria com a Universidade Bolivariana da Venezuela (UBV) e o Instituto Cubano de Propriedade Intelectual (OCPI). O curso durou seis meses, mas minha permanência se estendeu por quase cinco anos. Àquela altura, diversos países da América Latina experimentavam processos políticos que, em menor ou maior medida, contribuíram para modificar o espaço geográfico habitado e a maneira como se organizam algumas dessas sociedades em seus territórios. A experiência da construção das comunas na Venezuela, iniciada em 2010, é um exemplo contumaz do processo de transformação do território-nação e que, embora tenha sido impactada por uma forte crise econômica desde 2014 – promovida fundamentalmente por fatores externos, a partir da fragilidade econômica de um país que se constitui desde os primeiros anos do século XX sobe a perspectiva da renda petroleira, estratégia associada ao que foi o objeto dos estudos de Ruy Mauro Marini e outros sobre a dialética da dependência, como veremos mais adiante – avança na redefinição de sua geopolítica local, objetivando a construção de um Estado Comunal. São diversos os instrumentos ou tecnologias sociais que operam no processo de territorialização da nova forma de organização social e que são, para os atores sociais daquele contexto, fundantes da experiência comunal; como a educação, a cultura, o trabalho – e, portanto, os processos produtivos coletivizados – e a comunicação, que já vinha ocupando um papel de centralidade no desenvolvimento social venezuelano por razões de contexto histórico. A partir de uma narrativa própria e de uma perspectiva participante do processo histórico, narro parte de minha experiência naquele país, enquanto comunicador popular, jornalista e pesquisador, como costura para um debate fundamental: o papel dos meios de comunicação populares nos processos de territorialização – e por consequência a territorialidade ou a identidade territorial daquele povo. Neste texto, analiso algumas experiências de comunicação popular que incidem sobre a construção de um território (i)material, que agrega valor subjetivo à nova territorialização do Estado Comunal, expõe suas contradições e aponta de maneira coletiva às saídas para uma revolução social de caráter popular, verdadeiramente democrática, em ruptura permanente com as estruturas de dominação e reprodução do Capital.