Da familiaridade medieval ao desmentido na pandemia de Covid-19: panorama das atitudes frente à morte e ao morrer no ocidente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Penariol, Marita Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237117
Resumo: O presente estudo tem como objetivo geral compreender as transformações acerca das atitudes frente à morte e ao morrer desde a Idade Média à contemporaneidade, na sociedade Ocidental, de forma a abarcar, inclusive, as singularidades determinadas pela pandemia de Covid-19. Trata-se de um estudo teórico, fundamentado no estabelecimento de interlocuções entre autores provenientes de diferentes disciplinas no campo das Ciências Humanas. Para tanto, inicialmente analisamos a transferência da morte do ambiente doméstico e familiar para os hospitais, a transição das cerimônias públicas e do compartilhamento das manifestações de pesar para a interdição da morte e a privação do luto, o afastamento dos cemitérios para áreas periféricas e a criação das organizações funerárias. Na sequência, refletimos sobre o tabu da morte e suas contradições na atualidade, o apego excessivo à vida, o morrer atravessado por recursos tecnológicos, a mercantilização da morte e sua conversão em mercadoria frente ao expressivo nicho de serviços e produtos ofertados aos enlutados e a espetacularização e banalização da morte exploradas diariamente nos programas televisivos. Por fim, discutimos as especificidades da morte, do morrer e do luto na pandemia de Covid-19 no cenário brasileiro, as desigualdades evidenciadas na pandemia, as ressonâncias dos impedimentos de rituais fúnebres convencionais e a necessidade de criação de novos ritos para a simbolização da morte, os efeitos da pandemia na subjetividade e as formações sintomáticas e a urgência da educação para a morte, inclusive junto às crianças. Adicionalmente, assumimos um enfoque propositivo a partir da apresentação de novas noções relacionadas às múltiplas facetas da morte e do morrer na pandemia. Nesse sentido, defendemos que aquilo que chamamos de “morte desmentida” se destaca como a marca distintiva de uma mentalidade própria do contexto pandêmico do país, a qual se caracteriza, fundamentalmente, pelo não reconhecimento do sofrimento associado às perdas causadas pela doença em questão.