Resumo: |
Dengue é a arbovirose de maior crescimento nos últimos anos, repercutindo em impactos sociais e econômicos devido às altas taxas de morbidade e mortalidade desencadeadas pela infecção. O vírus dengue tem como principal vetor o mosquito Aedes aegypti. Por apresentar hábito hematofágico, antropofílico, de rápido desenvolvimento, é um excelente transmissor do vírus. Medidas de controle estão restritas à eliminação do mosquito vetor, uma vez que um tratamento específico ou uma vacina não estão disponíveis à população. E uma característica que determina a disseminação de doenças é a alta competência vetorial de seus mosquitos vetores, a qual tem sido associada à fatores genéticos do mosquito e ambientais. Sabe-se que a variabilidade genética dos mosquitos é um dos fatores que pode determinar o sucesso da relação mosquito-patógeno específico. Com isso, no presente trabalho foram estudadas as competências vetoriais de mosquitos Aedes aegypti da cidade de Botucatu infectados com DENV-2 e DENV-4 a fim de entender melhor a competência vetorial desses mosquitos. Além disso, foram feitas tentativas para selecionar linhagens resistentes e susceptíveis desses mosquitos infectados com ambos os sorotipos. Os mosquitos infectados com DENV-2 foram genotipados pela metodologia de SNP chip e posteriormente foram realizadas análises de estudo global do genoma (GWAS) afim de encontrar fatores genéticos relacionados com os diferentes fenótipos susceptível e resistente dos mosquitos. Como resultados observou-se diferentes competências vetoriais dos mesmos mosquitos infectados com diferentes sorotipos. Os mosquitos infectados com DENV-2 foram aproximadamente 70% susceptíveis, e mosquitos infectados com DENV-4 aproximadamente 70% foram resistentes, possuindo assim competências vetoriais opostas. Já no estudo da seleção dos fenótipos foi possível uma seleção de 80% até a geração F3 de mosquitos infectados com DENV-2, apesar do número baixo de indivíduos nas seleções. Os mosquitos infectados com DENV-4 não obtiveram uma taxa de seleção muito elevada, visto que as seleções foram feitas só até a geração F-2. Os resultados das análises de GWAS mostraram possíveis associações dos SNPs com os fenótipos estudados, apesar de não serem estatisticamente significantes para a correção de Bonferroni. Com isso, concluímos que a diferença vetorial é bastante dependente do sorotipo viral; para as análises de seleção e formação de linhagem é necessário um maior número de indivíduos nas primeiras infecções; e no estudo GWAS apesar da associação não ter sido significativa, devido ao baixo número de indivíduos, e dos parâmetros de correção estatística não serem ideais para indivíduos de uma única população, acredita-se que as associação encontradas de alguns SNPs com os fenótipos estudados sejam verdadeiras. |
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