Comparação entre duas estratégias para reposição volêmica perioperatória em cirurgias abdominais: infusão contínua versus bolus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Castro, Gabriel Isaac Pereira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153606
Resumo: A reposição volêmica é necessária em praticamente todos os pacientes submetidos à cirurgia, porém o manejo perioperatório adequado permanece controverso, com grande variabilidade na prática clínica. O volume administrado inadequadamente aumenta as complicações pós-operatórias, assim, o desenvolvimento e a implementação de protocolos para reposição volêmica, baseado em variáveis hemodinâmicas, individualizando o tratamento, é recomendado. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de duas estratégias de reposição volêmica: uma, “convencional”, baseada em infusão contínua de fluidos e outra na administração de bolus com volumes pré-determinados, guiada por parâmetros hemodinâmicos específicos (TAC), na evolução perioperatória e na incidência de complicações pós-operatórias de pacientes submetidos a cirurgias abdominais de médio e grande porte por via aberta. Foi realizado estudo clínico, randomizado, prospectivo, controlado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP entre maio de 2012 a dezembro de 2014, após aprovação do comitê de ética. Os critérios de inclusão foram pacientes classificados como ASA I, II ou III, submetidos a cirurgias abdominais de médio e grande porte por via aberta com duração mínima de 120 minutos, sob anestesia geral. Os critérios de exclusão foram IMC > 35kg/m2, gestação, doença pulmonar obstrutiva crônica ou infecção brônquica, coagulopatias, histórico de alterações da função renal pré-operatória, sepsis ou sinais de síndrome da resposta inflamatória sistêmica, sinais de insuficiência hepática, pacientes submetidos a cirurgias de urgência ou emergência e aqueles que se recusaram a participar do estudo. Foram incluídos 85 pacientes, randomizados em dois grupos (infusão contínua ou controle (C) e bolus (B)). Em ambos os grupos os alvos hemodinâmicos foram: pressão arterial média (PAM) entre 65 a 80mmHg e delta-PP ≤12%. No grupo C, o anestesiologista estava livre para administrar fluidos de acordo com seu julgamento crítico, em forma de infusão contínua de fluidos, ou seja, sem protocolo. No grupo B, a administração de fluidos foi guiada por um protocolo baseado em administração de bolus fixos. Os fluidos disponíveis em ambos os grupos foram os mesmos. O volume total e a qualidade de fluidos administrados em cada grupo foram avaliados, bem como, o tempo em que permaneceram dentro dos parâmetros pré-estabelecidos. Em seguida, os pacientes foram analisados quanto à presença de complicações pós-operatórias e ao retorno da função do trato gastrointestinal. Os grupos foram homogêneos em relação aos parâmetros antropométricos, ao sexo, à duração da cirurgia, à classificação “ASA” e às comorbidades. O grupo B recebeu uma quantidade total menor de fluidos graças à menor quantidade de cristaloides administrados. Porém, este regime mais restritivo não cursou com menor tempo de internação, em retorno mais precoce da função gastrointestinal ou na diminuição de mortalidade. No grupo B houve uma menor taxa de complicações pulmonares (2% vs 36%; p=0,001), não houve diferença quanto às demais complicações pós-operatórias. Assim, a fluidoterapia realizada pela infusão de bolus e baseada em protocolo previamente estabelecido mostrou-se tão eficiente e segura quanto a reposição volêmica usual, porém resultou em menor volume infundido e na diminuição das complicações pulmonares pós-operatórias.