Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Souza, Diego Cerveira de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/243776
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Resumo: |
Nas próximas décadas, milhões de hectares de florestas tropicais deverão ser restaurados para mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade. Para que estas ações de restauração possam ser economicamente viáveis, especialmente em regiões com menos recursos financeiros, métodos de restauração mais baratos precisam ser desenvolvidos. Atualmente, a restauração de florestas tropicais ocorre principalmente por meio do plantio de mudas, que possui custos iniciais elevados, mas a semeadura direta tem se mostrado uma técnica capaz de reduzir estes custos. Vários estudos foram implantados nos últimos anos, no Brasil, para testar o potencial de uso da semeadura direta, mas os resultados destes estudos nunca foram compilados e analisados de maneira conjunta, o que poderia fornecer ferramentas importantes para o aprimoramento da técnica. Uma importante lacuna também é a correta escolha de espécies para serem semeadas, bem como o conhecimento dos atributos funcionais que afetam o desempenho das espécies na semeadura direta. Além disso, os estudos já desenvolvidos no país são predominantemente avaliados somente nos primeiros anos pós-semeadura, sendo raros estudos que acompanham o processo de sucessão destas áreas, a fim de analisar se os objetivos básicos da restauração vêm sendo efetivamente alcançados. Objetivamos, com este trabalho, analisar de forma ampla o uso da semeadura direta para fins de restauração florestal no Brasil, para compreender melhor os desafios e fatores de sucesso, buscando fornecer subsídios para o aprimoramento e a ampliação do uso desta técnica para a restauração das florestas tropicais. Para isso, estruturamos este trabalho em três capítulos. No Capítulo 1, analisamos o estado da arte do uso de técnicas de semeadura direta para restauração das florestas brasileiras, por meio de uma revisão sistemática, visando identificar as tendências, os avanços e as lacunas de conhecimento, bem como fornecer diretrizes para pesquisas futuras. No Capítulo 2, levantamos as espécies arbóreas já testadas em projetos de semeadura direta no Brasil e os seus atributos funcionais, visando verificar quais espécies apresentam bom desempenho e quais atributos funcionais explicam este desempenho. No Capítulo 3, descrevemos as mudanças temporais de um projeto de restauração implantado há 25 anos via semeadura direta, com baixa diversidade de espécies, para verificar se os parâmetros estruturais vêm se assemelhando aos de florestas nativas. Os nossos resultados mostram que (1) os experimentos conduzidos no país são implantados principalmente nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, em pastagens abandonadas, no período de chuvas, com a semeadura de um número baixo de espécies e uma quantidade alta de sementes por hectare; (2) as taxas médias de estabelecimento e crescimento são baixas para a maioria dos estudos, mas as taxas médias de sobrevivência são elevadas; (3) poucas espécies mostram-se adaptadas a projetos de semeadura direta; (4) espécies com sementes grandes e cotilédones de armazenamento apresentam maiores taxas de estabelecimento quando diretamente semeadas no campo; e (5) florestas em restauração por semeadura direta com baixa diversidade de espécies conseguem se assemelhar em riqueza, diversidade e área basal a florestas nativas próximas, mas não quanto à estrutura vertical e estratificação, com baixa densidade de indivíduos no estrato intermediário e baixa diversidade nos estratos intermediário e superior. As baixas taxas de estabelecimento e de crescimento verificadas na maioria dos estudos conduzidos no país levariam à necessidade de uso de uma grande quantidade de sementes para o alcance de densidades e coberturas de solo semelhantes aos obtidos pelo plantio de mudas. Atualmente, não há disponibilidade de sementes para suprir esta demanda na maior parte das regiões do país, o que dificulta a aplicação da semeadura direta em larga escala. Poucas espécies conseguem se adaptar ao método, mas a semeadura direta em baixa diversidade pode ser uma alternativa promissora para a restauração de florestas tropicais, desde que haja fragmentos de vegetação nativa próximos, capazes de propiciar a colonização por novas espécies. Neste caso, em situações práticas, a seleção de espécies que apresentam melhor desempenho, bem como daquelas com sementes grandes e cotilédones de armazenamento, pode auxiliar no aumento das taxas médias de estabelecimento das espécies e reduzir as chances de insucesso e o desperdício de sementes. Estudos futuros referentes a ações de implantação e manejo inicial pós-semeadura são essenciais, principalmente para aumentar as taxas médias de estabelecimento das espécies, assim como o número de espécies indicadas para serem utilizadas. Devem ser testadas, em casos de semeadura direta com baixa diversidade, novas combinações de espécies, de diferentes grupos funcionais. Também precisa ser mais bem analisado, neste tipo de projetos, implantados com baixa diversidade, os efeitos do surgimento de pragas e doenças e seus impactos na comunidade; os riscos de monodominância na estrutura horizontal e vertical das florestas, os seus impactos e as ações de manejo indicadas; e, ainda, o papel da matriz na qual as áreas estão inseridas no aumento da riqueza e da diversidade das comunidades. |