Semeadura direta de espécies arbóreas nativas de Cerrado: diferenças entre espécies e efeitos da matocompetição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Passaretti, Raquel Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157361
Resumo: Face à expressiva degradação a que o Cerrado brasileiro vem sendo submetido, é de grande importância a investigação e o desenvolvimento de métodos para a sua restauração. Atualmente, há obstáculos ecológicos e tecnológicos para a restauração da vegetação de cerrado, tais como a presença de espécies exóticas invasoras, a estação seca prolongada, a dificuldade para obtenção de mudas de espécies nativas em viveiros e a falta de conhecimento para a escolha de espécies adequadas para cada técnica de restauração. O entendimento acerca do desempenho de diferentes espécies arbóreas nativas semeadas diretamente em campo e dos efeitos da matocompetição sobre o desempenho dessas espécies é altamente relevante para a superação dos obstáculos mencionados. Os objetivos deste estudo foram: (i) comparar o desempenho de espécies arbóreas nativas por meio de semeadura direta, em busca de padrões funcionais que expliquem esse desempenho, (ii) verificar se o desempenho das espécies é comprometido pela matocompetição e (iii) verificar se a semeadura consorciada com gramíneas nativas pode inibir o estabelecimento da matocompetição. Instalamos um experimento fatorial em blocos (5 blocos) com os seguintes fatores: 1) espécies nativas arbóreas (11); 2) controle de matocompetição (sim ou não) e 3) consorciação com um mix de seis gramíneas nativas (sim ou não). O experimento totalizou 110 parcelas de 4 m2 cada, distribuídas nos 5 blocos. Em cada parcela semeamos 100 sementes de uma espécie arbórea aleatoriamente definida, em linhas, com 20 cm entre sementes. Contamos a quantidade de indivíduos arbóreos emergidos e mortos aos 10, 20 e 30 dias após a semeadura e, posteriormente, ao término das estações seca e chuvosa. Após um ano, medimos a altura e o diâmetro do caule dos indivíduos sobreviventes e estimamos a porcentagem de cobertura do terreno por gramíneas nativas e por matocompetição em cada parcela. Adicionalmente, medimos o comprimento e quantificamos a biomassa seca da parte aérea e da parte subterrânea de 11 indivíduos de cada espécie arbórea e apresentamos uma estimativa de custos da semeadura direta. Observamos diferença no desempenho entre tratamentos para algumas espécies que foram prejudicadas pela matocompetição. As espécies Dipteryx alata, Hymenaea stigonocarpa e Plathymenia reticulata apresentaram os maiores valores médios de taxa de sobrevivência (superiores a 60%) e as duas espécies do gênero Stryphnodendron apresentaram os piores desempenhos (ao redor de 20%). A presença de gramíneas nativas não beneficiou nenhuma espécie arbórea nem inibiu a colonização e o desenvolvimento da matocompetição. A interação entre as variáveis massa das sementes, biomassa raiz:parte aérea e comprimento do sistema radicular explicou 93% da variação na sobrevivência das plântulas em campo. Conclui-se que a semeadura direta de espécies arbóreas em cerrado pode ser bem sucedida, especialmente para espécies com sementes grandes, raízes profundas e que investem mais em sistema subterrâneo do que em parte aérea, que são atributos funcionais relacionados com a capacidade de sobreviver em condições de déficit hídrico. Embora algumas espécies possam ter sucesso sob matocompetição, o controle de gramíneas exóticas e ervas ruderais pode viabilizar a semeadura direta para um conjunto maior de espécies.