Variação linguística no livro didático do ensino bilíngue em Moçambique: verbos da língua echuwabo como objeto de análise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Abdula, Rajabo Alfredo Mugabo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214929
Resumo: O acesso à educação é um direito básico de todos os povos. Infelizmente, muitos povos têm sido privados deste direito fundamental, principalmente os falantes de línguas menos prestigiadas de várias comunidades espalhadas pelo mundo. África é um continente multilíngue, no entanto, muitas das línguas não são ensinadas nas escolas e nem são usadas como meio de ensino. Esta prática que começou no período colonial em que as línguas africanas eram proibidas de serem usadas em instituições públicas coloniais e o ensino era proibido. Depois das independências dos países africanos, a situação se manteve com a não oficialização e não uso dessas línguas como meios de ensino. A situação de Moçambique não difere da observada em outros países africanos. O país tem cerca de vinte línguas do grupo linguístico bantu, línguas faladas pela maioria da população, porém, o português por muito tempo foi a única língua de ensino. Em 2003 foi introduzido o ensino bilíngue no país com objetivo de reverter este cenário e dar à população o acesso à educação através da sua língua materna. O Echuwabo é uma dessas línguas usadas para o ensino bilíngue, e possui seis variedades faladas ao longo da Província da Zambézia. Este fato nos levou a fazer um estudo sobre materiais didáticos usados para o ensino bilíngue, concretamente, o livro do aluno, com o objetivo geral de analisar a variação linguística do Echuwabo nos materiais didáticos usados no ensino bilíngue. Nos objetivos específicos, foram verificados se: os programas de ensino bilíngue falam sobre o ensino da variação linguística das línguas moçambicanas; e a partir da estrutura verbal do Echuwabo e do Emarenje, que são as duas variedades em estudo, foi identificado a variedade linguística usada nos manuais do aluno, e se os manuais apresentam ocorrências de outras variedades na estrutura verbal, sobretudo, o prefixo de sujeito e a marcação de tempo, que são os dois objetos da nossa análise dentro da estrutura verbal das variedades Echuwabo e Emarenje e, por último, foi recolhido a opinião dos professores do ensino bilíngue sobre a presença da variação verbal do Echuwabo nos manuais dos alunos e sua opinião sobre a formação de professores em variação linguística das línguas moçambicanas. A pesquisa é qualitativa e para a qual, além de analisar os manuais dos alunos e planos curriculares, foram feitas entrevistas aos professores e gestores das escolas. Dos resultados obtidos concluímos que os planos curriculares não falam sobre ensino das variedades das línguas moçambicanas, e que todos os verbos usados nos manuais são da variedade Echuwabo, o que significa dizer que a variedade Echuwabo é usada como variedade padrão; e também que os professores são capacitados para lecionar o ensino bilíngue, porém, não têm uma formação específica em sociolinguística que trate da heterogeneidade social, linguística e cultural das diferentes comunidades de fala da língua Echuwabo.