Locuções conjuntivas temporais e causais na história do português brasileiro: uma abordagem construcional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Garcia, Diego Minucelli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214622
Resumo: Este trabalho investiga diacronicamente locuções conjuntivas temporais (hora que e momento que) e causais (vez que e causa que), com o objetivo de apreender seu processo de formação e de mudança na história do português brasileiro (séculos XVII a XX). Para tanto, utiliza-se como base teórica a abordagem cognitivo-funcional da construcionalização (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2021), que se insere em uma perspectiva construcional da linguagem segundo a qual a unidade gramatical básica de uma língua é a construção, entendida como um pareamento de forma e de significado (GOLDBERG, 1995; 2006; CROFT, 2001; TRAUGOTT, 2015; BYBEE, 2016; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2021). Traugott e Trousdale (2021) afirmam que as mudanças linguísticas resultam de dois processos: i) mudanças construcionais, quando não há a criação de uma nova construção na língua, mas alterações em suas propriedades componentes; e ii) construcionalização, processo em que há a criação de uma nova construção, acompanhado por mudanças no grau de esquematicidade, de produtividade e de composicionalidade. Nesta pesquisa, cujos dados são extraídos do Corpus do Português (DAVIES; FERREIRA, 2006) referentes aos séculos XVII a XX, por meio das análises desenvolvidas, observam-se as mudanças construcionais e a construcionalização das locuções conjuntivas hora que, momento que, vez que e causa que. De acordo com as análises, as construções resultantes de cada nome circunstancial são: na hora que, no momento em que, uma vez que e causa que. A forma uma vez que surge no português brasileiro como locução já construcionalizada, de modo que as alterações que sofre posteriormente, acarretando sua redução para a forma vez que, dizem respeito a mudanças construcionais pós-construcionalização. Na hora que, apesar de sua baixa frequência de uso no século XVII, também se mostra construcionalizada, apresentando, no decorrer do tempo, alterações motivadas por mudanças construcionais pós-construcionalização, as quais acarretam reduções de sua forma para a hora que e hora que. A forma no momento em que passa por mudanças construcionais pré-construcionalização e efetiva-se na língua como construção, por meio da construcionalização, no século XIX, sem, no entanto, apresentar grandes alterações de sua estrutura construcional no século XX, indicando que sofre um menor grau de mudanças construcionais do que na hora que. Quanto ao nome circunstancial causa, não é possível afirmar a concretização da construcionalização da estrutura causa que, uma vez que foram encontradas poucas ocorrências desse item e em um único texto. Porém, considerando as poucas ocorrências encontradas, verifica-se que o nome pode estar passando por mudanças construcionais pré-construcionalização que, supõe-se, podem levar causa a compor a construção causa que posteriormente. Tomando por base as análises e os resultados, propõe-se a existência da seguinte hierarquia construcional: o nível esquemático é formado pelo esquema [prep SN prep que], que se subdivide nos subesquemas [prep SN (prep) que]temporal e [prep SN (prep) que]causal. O subesquema temporal origina diretamente as microconstruções na hora que e no momento em que, mas gera, também, um segundo subesquema: [SN que]temporal. Esse segundo subesquema, no qual não há preposições, licencia microconstruções do tipo a hora que, hora que, momento que. O subesquema causal segue a mesma lógica, instaurando microconstruções como de vez que e por causa que, e instaurando, também, um segundo subesquema ([SN que]causal), no qual são identificadas as microconstruções uma vez que, vez que e causa que.