"A Tríplice Aliança continua sendo um grande êxito": os regimes de controle do território paraguaio (1870-2019)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Lorena Izá [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191196
Resumo: O debate em torno do processo de land grabbing, entendido neste trabalho como controle do território – o poder de controlar o território e o acesso a este através de distintas relações diretas e indiretas – intensificou-se a partir da crise de sobreacumulação de 2007/2008. Concomitante a crise financeira, emergem outras crises [ou um receio ou discurso de escassez] como alimentar, ambiental, climática e energética. Os maiores alvos deste processo são os países do Sul global, porém o processo de controle do território está além da dicotomia Norte-Rico-Apropriador e Sul-Pobre-Apropriado. A América Latina é um dos principais alvos do processo e apresenta diferentes peculiaridades, como diferentes formas de apropriação e controle do território – compreendido através da multiescalaridade e multidimensionalidade; forte presença do capital regional; marcante compreensão de estrangeirização como sinônimo de land grabbing e a história do processo. O Paraguai, nosso recorte territorial, é uma nação que historicamente – desde o final da Guerra da Tríplice Aliança, em 1870 – é afetada pelo controle e estrangeirização do território, onde os maiores controladores são os empresas e pessoas físicas oriundas da Argentina, Brasil e, recentemente, Uruguai. A partir do estudo da territorialização do agronegócio argentino, brasileiro e uruguaio no Paraguai, o nosso objetivo é analisar a nova dinâmica territorial criada pelo processo de estrangeirização inserido em um processo mais amplo de controle do território. Através da compreensão do controle e estrangeirização do território como processos resultados de dinâmicas gerais, particulares e singulares materializados no espaço e tempo, a tese que defendemos é que há três regimes de controle e estrangeirização do território paraguaio de 1870 até o momento atual. Estes regimes são resultados de dinâmicas gerais [globais], particulares [regionais] e singulares [locais, no caso o Paraguai] em interação. Isso faz com que em cada regime a materialização do controle e estrangeirização do território se dê de forma distinta, com estratégias, dinâmicas, territorialidades, impactos e resistências ímpares. Estes processos tem resultando na desterritorialização camponeses de suas terras de modo direto e indireto, impactando a segurança e soberania alimentar do país, criando relações de dependência e distintas formas de resistência camponesa frente ao avanço do agronegócio estrangeiro no território paraguaio.