A bela flor do/no campo: por uma geografia de gênero e (r)existência em assentamentos rurais do interior de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Paula, Larissa Araújo Coutinho de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204267
Resumo: A presente tese teve como principal objetivo identificar o conjunto de estratégias de reprodução socioespaciais, individuais e coletivas, exercidas pelas integrantes da Associação de Mulheres Assentadas do Assentamento Monte Alegre VI (AMA), localizada no Assentamento Monte Alegre, em Araraquara-SP e da Organização das Mulheres Unidas da Gleba XV de Novembro (OMUS), no Assentamento Gleba XV de Novembro, em Rosana-SP; demonstrando como tais atividades têm surtido efeitos no fortalecimento das associações, no processo de autonomia dessas mulheres e no enfrentamento às opressões que vivenciam. Apesar de se tratar de um estudo comparativo, não houve o estabelecimento de linhas de avanço ou retrocesso, pois ambos os espaços são resultados de distintos processos históricos e níveis de inserção econômica nas lógicas de poder. Quanto a investigação, priorizou-se uso de diferentes procedimentos metodológicos, como entrevistas (temáticas e de história oral), grupos focais (com as gerações mais jovens) e elaboração de cartografias alternativas, que possibilitaram o acesso às informações condizentes com a multidimensionalidade das participantes da pesquisa. O conceito de gênero, elaborado ao longo da história, permitiu que as mulheres construíssem seus próprios argumentos de rejeição ao determinismo biológico. As atividades desempenhadas por mulheres e homens são social e culturalmente aprendidas, tornando-se instrumentos para estabelecer graus de poder e hierarquias. No espaço rural, as desigualdades de gênero ainda são intensas, mas as oposições entre feminino e masculino não são fixas e nem permanentes, apresentam fluidez, são suscetíveis às alterações e estão em constante devir, sendo construídas, desconstruídas e reconstruídas permanentemente, e as estratégias de reprodução socioespaciais são fissuras que tensionam esse movimento, possibilitando mudanças que promovem relações de gênero mais igualitárias. Destarte, as estratégias socioespaciais desenvolvidas por estas mulheres são condicionadas, a princípio, pela situação geográfica na qual constituem-se os assentamentos rurais, porém não se limitam a elas, uma vez que as práticas espaciais das associadas reconfiguram estes espaços, gerando novas espacialidades. Assim, constata-se que há em curso o fortalecimento destas mulheres por meio da formalização de associações, e o desenvolvimento de estratégias socioespaciais diferenciadas e combinadas, que além de gerarem melhorias nas condições de vida e de trabalho para os assentamentos como um todo, possibilitam o empoderamento feminino das agricultoras, propiciando a reconfiguração da organização de trabalho das famílias, de modo a transgredir as normas de gênero vigentes no espaço rural, fragilizando as dicotomias entre ajuda/trabalho, espaço doméstico/espaço público, rompendo assim com a ideia da invisibilidade feminina.