Paradigmas e estratégias do MST para o desenvolvimento de territórios agroecológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Buscioli, Lara Dalperio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253868
Resumo: As análises da Agroecologia, no debate acadêmico, são perpassadas pela compreensão dos papeis desempenhados pelos movimentos socioterritoriais no contexto das conflitualidades que envolvem o agronegócio e deve-se entender que existem diferentes formas de se concebê-la. Partimos, neste trabalho, do pressuposto de que a Agroecologia é uma forma de resistência ao avanço do capitalismo no campo, em que os movimentos socioterritoriais camponeses ganham destaque na sua forma de produção e comercialização, gerando desenvolvimento territorial. Assim, a Agroecologia e suas práticas (a nível material e imaterial) refletem um saber, um modo de vida e uma cultura que visa à produção de alimentos saudáveis, sem prejuízo à natureza e ligada à luta pela reforma agrária, representando, assim, um paradigma emergente. Com isso, nosso objetivo é debater a Agroecologia em sua multidimensionalidade nos campos materiais e imateriais dos paradigmas e territórios, bem como dos modelos de desenvolvimento, produção e comercialização, compreendendo esses elementos de acordo com a análise da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no PE Gleba XV de Novembro no Pontal do Paranapanema no estado de São Paulo (SP). No campo da imaterialidade, a Agroecologia se estabelece no campo científico por meio de diferentes técnicas, disciplinas, aportes teórico-paradigmático-metodológicos em consonância com os saberes tradicionais do campesinato passados de geração em geração, que buscam, a partir de uma análise crítica da crise socioambiental, avançar na consolidação das resistências produtivas, conquistando territórios e gerando desenvolvimento territorial. Compreendemos que essa busca pelo desenvolvimento territorial, conforme o Paradigma da Questão Agrária, é perpassada pelos elementos do território agroecológico, sendo apresentados neste trabalho através da luta e conquista do território, do político, do organizativo, do produtivo e da comercialização no interior das ações do MST. Enquanto perspectiva política-paradigmática, temos a análise da atuação do MST no Brasil, que dá direcionamentos/diretrizes de ação para os camponeses no interior do Movimento com planos e atividades concretas, fomentando e consolidando a Agroecologia em todos os seus espaços dentro do território brasileiro. Essas imaterialidades criam as materialidades nos territórios com ações de resistência no âmbito da luta pela permanência no território e nos campos produtivos e/ou de comercialização, gerando o desenvolvimento territorial, como é caso do Pontal do Paranapanema (SP). Nesta região, a Agroecologia tem forte influência do MST, configurando-se como uma ação de resistência e ganhando centralidade na luta pela permanência na terra a partir da consolidação de espaços formativos que se materializam nas diversas práticas, no campo de diretrizes, produções e comercializações, como é o caso do território PE Gleba XV de Novembro em Rosana e Euclides da Cunha Paulista. O MST não atuou no processo de conquista desse território, mas tem contribuído historicamente para a permanência dos camponeses no que concerne às questões vinculadas à saúde, às renegociações de dívidas, à criação de infraestruturas, à organização em associações, à produção agroecológica e à comercialização em mercados institucionais ou camponeses, de que são exemplos as feiras e as cestas. Em relação aos últimos pontos, temos a Associação Regional de Cooperação Agrícola contribuindo na parte produtiva e de comercialização por meio do Projeto de Cestas Agroecológicas na Universidade Estadual Paulista em Rosana. Esse Projeto auxilia no processo de transição agroecológica, na renda dos camponeses e contribui para o consumo de alimentos saudáveis e para a conscientização política dos consumidores, além de criar laços de afetividade e gerar desenvolvimento territorial.