Consciência de si, deliberação, tensão e profundidade na Ilíada: os caminhos do “eu” ficcional.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fortuna, Gabriel Galdino [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244776
Resumo: Nesta pesquisa almejamos identificar os conceitos de Consciência de si, Deliberação, Tensão e Profundidade na obra homérica- a Ilíada- afastando o estigma provindo de uma parcela da Crítica do século XX que atribuiu à obra o rótulo de mímesis ingênua da vida e de narrativa constituída por personagens superficiais. Após o contato com grandes homeristas como Bruno Snell (1946) e E.R Dodds (1951) que renegaram conceitos fundamentais contidos em Homero como os pressupostos da alma heraclítica, entendemos a necessidade de repatriar tais qualidades ao texto, considerando que a negligência de tais elementos culminaria em uma percepção estética do épico como detentor de uma estrutura rasa, de personagens pouco desenvolvidas e inverossímeis, movimento que aproxima os heróis a personagens planas ou de humor. Para tal empreitada nos servimos da narratologia tradicional de Gérard Genette (1972) e da narratologia cognitivista de Mieke Bal (1985) e seus sucessores que aplicaram na Ilíada os princípios propostos por estes dois estudiosos, como foi o caso de Scott Richardson (1990), René Nünlist (2003), Irené De Jong (2004), Jonathan Ready (2014) dentre outros. Além disso, por intermédio das interpretações de filólogos, linguistas e filósofos como Seel (1953) e Gaskin (1990) abertamente avessas à escola snelliana do início do século XX ao identificarem o “eu” ficcional e o conceito de unidade e subjetividade através da relação entre um pronome pessoal e um verbo de percepção, fomos capazes de aplicar tais noções no referido poema épico e desenvolvê-las pelo filtro narratológico, oferecido principalmente pela teoria do ponto de vista proposta por Mieke Bal ([1985] 2017, p.133) que defende que “a focalização é a relação entre a visão e o que é visto ou percebido”. Diante dessa relação transversal entre elementos cognitivos e focalização, potencializamos os argumentos necessários para justificar a leitura sobre a obra homérica como sendo uma construção dotada de profundidade e complexidade, tanto em níveis estruturais quanto no que se refere à imitação da natureza humana.