Contrapontos entre Freud e Lacan sobre a angústia: perspectivas do Seminário 10 para Inibição, sintoma e angústia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nakashima, Antonio Henrique Ruiz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181143
Resumo: A angústia é um afeto que aflige o ser humano em todas as fases da vida e pode ser descrita a partir de seus efeitos e correspondentes fisiológicos. Porém, uma caracterização em termos dinâmicos e propriamente psíquicos se faz necessária, tratando-se de um afeto. Freud envidou esforços para tanto, formulando teorias a respeito da angústia. Em Inibição, sintoma e angústia, ensaio publicado em 1926, ele estabeleceu sua última definição quanto a ela. Entretanto, Lacan, em seminário ministrado entre os anos 1962 e 1963, dedicado ao tema (Seminário 10), recorre ao ensaio de Freud, problematizando alguns pontos e propondo resoluções para os impasses levantados. A partir desse balizamento teórico, a presente pesquisa visa a tematização da angústia segundo o recorte dos momentos da produção intelectual de Freud e Lacan, concernentes às duas obras mencionadas. Trata-se um estudo teórico na área da metapsicologia, tomando a angústia como elemento motivador fundamental da subjetividade. O objetivo geral da investigação constitui-se pelo cotejamento entre as teorias de Freud e Lacan, presentes nas obras Inibição, sintoma e angústia e Seminário 10, buscando caracterizar a angústia em ambas, atentando-se para possíveis aproximações e divergências. A partir disso, o trabalho almeja identificar as perspectivas que o Seminário 10 pode oferecer para a leitura de Inibição, sintoma e angústia. A metodologia consiste na interpretação de ambas as obras, contando com comentadores que se dedicaram ao tema em questão. O expediente hermenêutico utilizado constitui-se pela aproximação entre a perspectiva desconstrutiva e uma abordagem do texto a partir do método psicanalítico. Verificamos que as proposições de Inibição, sintoma e angústia têm como referência o campo edípico. É a partir dele que são elaboradas as questões atinentes à problemática defensiva, envolvendo o perigo de castração e a função sinalizadora da angustia. Tais formulações pressupõem inscrição psíquica, estando fundamentadas em um paradigma representacional. Entretanto, elas são elaboradas sobre o pano de fundo correspondente à dimensão traumática do desamparo, irrepresentável. A investigação trilhada na senda aberta pela angústia, no Seminário 10, levou Lacan aos limites da inserção da subjetividade na linguagem. A construção do objeto a, e da falta não suturável pelo simbólico, a qual ele é correlativo, demarcam o registro do real, distinto do eixo simbólico-imaginário, que é regulado pelas leis do significante e sustentado pela falta simbólica. Concluímos que os encaminhamentos para o tema da angustia, presentes em Seminário 10, ao relacionar a angustia à aproximação do real, registro do inominável, confere destaque à concepção de angustia como afeto negativo, referente à abolição da ordem do sentido, sublinhando assim o aspecto originário e automático da angustia apresentado em Inibição, sintoma e angústia.